O positivo e o negativo sobre os candidatos à Prefeitura de Blumenau
Foto: DivulgaçãoWednesday, 11 November 2020
Ninguém é feito só de vícios ou virtudes. Vamos analisar um pouco os 12 candidatos que domingo contarão com o seu voto.
A última semana do primeiro turno das eleições chegou. O ano é tragicamente atípico e o clima das ruas em quase nada lembra o período eleitoral. O desinteresse dos eleitores dá a impressão de que haverá um grande número de abstenções. Isso, claro, somado às pessoas que podem querer abrir mão de votar por conta da contaminação da covid-19.
A primeira pesquisa lançada mostrou um número de amostragem bastante estranho e, portanto, não tem sido tão comentada. A verdade é que os erros sucessivos de pesquisas nos últimos anos têm minado a credibilidade (e até contratação) desses levantamentos.
O número de candidatos foi recorde. A ausência de debates foi sentida. E, piorando a situação, Ivan Naatz (PL) e João Natel (PDT) contraíram o vírus na reta final. Naatz, inclusive, estava bem posicionado na última pesquisa. Já Kleinübing (PSD) trouxe uma campanha um pouco mais agressiva. Mário Hildebrandt (Podemos) foi legalmente obrigado a retirar vídeos de suas plataformas e não comparecer em lives da prefeitura em ação movida por JPK. Ricardo Alba (PSL) e Odair Tramontin (Novo) demonstraram um segundo fôlego, com engajamentos crescentes em suas redes sociais.
Mas todos têm algo que depõem a favor e também contra si. Em ordem alfabética, claro.
Ana Paula Lima (PT) traz consigo propostas solidárias. Ela é humanitária. Sua formação, como enfermeira, já diz isso. Sua trajetória pela ALESC também prova. Contudo ela representa um partido que sempre teve difícil aceitação em Blumenau e que sofre uma violenta desidratação desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Se quiser votar nela, é 13.
Débora Arenhart (Cidadania) tem algumas propostas boas. Muitas de suas idéias são conscienciosas e soam executáveis. No entanto ela parece vir que uma candidatura construída às pressas, conta com pouquíssimo apoio e ainda não tem o carisma necessário em frente às câmeras para cativar o eleitor indeciso. Se quiser votar nela, é 23.
Geórgia Faust (PSOL) herdou muitos eleitores da esquerda descontentes com o PT e seus números não são pequenos. Num momento de crise sanitária e econômica, é natural que ideais assistencialistas como os do PSOL ganhem novos adeptos. Contudo, sua sigla ainda é muito rejeitada pelo eleitor médio. Se quiser votar nela, é 50.
Ivan Naatz (PL) tem coragem para comprar brigas que outras pessoas em seu lugar não comprariam. Aqui, enquanto vereador, empenhou-se em impedir que uma ‘máfia do esgoto’ fosse criada. Em Florianópolis, como deputado, foi fundamental para o primeiro pedido de impeachment do governador afastado Carlos Moisés. Protagonismo, inclusive, que sofreu covardes tentativas de abafamento por parte de seus pares. Contudo, as sucessivas brigas desgastam o discurso de Naatz. Parece que a cada dois anos são as mesmas propostas (mesmo que não sejam) porque a postura não muda. Se quiser votar nele, é 22.
Jairo Santos (PRTB) tem o apoio do general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, e não usa fundo partidário. Conta com o apoio de uma ala bolsonarista em desidratação, porém ainda razoavelmente relevante. Mal assessorado, Santos se tornou o ‘candidato fantasma’ ao sequer aparecer no horário eleitoral da televisão. Tem bons projetos, mas não encontra meios eficazes de mostrá-los. Se quiser votar nele, é 28.
João Natel (PDT) foi, talvez, um dos melhores reitores que a Furb já teve. Lá foi sua prova de fogo sobre ser gestor. E passou com louvor. Tem bons projetos para o município, mas não consegue engajar o público. Seu partido, do eterno candidato derrotado às eleições presidências, Ciro Gomes, também encontra forte resistência por parte do blumenauense. Se quiser votar nele, é 12.
João Paulo Kleinübing (DEM) tem o peso de seu sobrenome. Ex-prefeito, ex-deputado federal e ex-secretário de Estado de Saúde, seu currículo é imenso. Como prefeito criou a Vila Germânica e uma série de outras obras que colocaram Blumenau de volta no mapa turístico do Brasil. Saiu acusado de corrupção pela ‘Operação Tapete Negro’. Foi absolvido. Tem apoio forte da elite do empresariado. Contudo esse apoio também parece ter se desidratado com o tempo. O homem que, ao que tudo indicava, seria eleito sem grandes problema se candidato à Prefeitura de Blumenau, tem lutado para manter a segunda colocação. Como fez aliados (e fez muitos), ele também criou desafetos (que não são poucos). Se quiser votar nele, é 25.
Mário Hildebrandt (Podemos) é o atual prefeito. Logo, ele tem a máquina pública na mão e suas benesses (às vezes, seus ônus também). Foi prefeito por cerca de dois anos e não fez um mau trabalho. Criou obras de infraestrutura que, se bem planejadas, podem ajudar muito no dia-a-dia do blumenauense. De perfil mais conciliador, evita brigas e ataques públicos a concorrentes. Algumas de suas obras, no entanto, não deram o resultado que se esperava. Exemplo disso é o inconveniente corredor de ônibus da Rua Itajaí. Além de, por ser o favorito, também ser o principal alvo de ataques de seus concorrentes. Ataques, por vezes, pesados. E alguns com fundamento. Se quiser votar nele, é 19.
Mário Kato (PCdoB) é médico e, segundo dizem, uma pessoa agradável e simpática. No entanto, por discordâncias ideológicas radicais envolvendo o seu partido, julgo justo me declarar impedido de falar sobre sua candidatura. Se quiser votar nele, é 65.
Odair Tramontin (Novo) é o único candidato que, realmente, traz algo de ‘novo’ a essa eleição. Fez carreira como promotor público combativo a maus corruptos e chefiou um agrupamento da Polícia Civil que, entre outras coisas, combatia a corrupção. Corrupto ele não vai ser. Inclusive, ele sequer usa o fundo partidário. Suas propostas são muito sóbrias, centradas e propositivas. Suas redes sociais foram as que mais cresceram. No entanto o Novo ainda encontra uma grande dificuldade para firmar-se em todo o país e há a dúvida sobre sua falta de experiência como gestor público depondo contra si. Junto com Naatz e Alba divide o terceiro lugar na questionável pesquisa do Instituto Paraná. Se quiser votar nele, é 30.
Ricardo Alba (PSL) mostrou que pode aprender e tem sido comedido nessa eleição. Deputado estadual mais bem votado de Santa Catarina, ele traz consigo boas propostas e um grupo enorme de pessoas que sabem divulgá-las. Ao passo que uma minoria de bolsonaristas radicais ficam com Santos, os demais demonstram pender seu voto para Alba, que também não se mostra um bolsonarista radical. Sua campanha é muito bem executada e ele teve tudo para estar entre os dois primeiros lugares em intenção de voto, mas suas ações no passado – principalmente aquelas que colocam em xeque sua lealdade – ainda depõem contra ele. Se quiser votar nele, é 17.
Wanderlei Laureth (Avante) ficou conhecido à frente do Blumenau Esporte Clube (BEC), que tem a torcida mais querida da cidade. Ele parece consciente de ter poucas chances e apresenta projetos positivos. Entretanto, com apenas alguns segundos de televisão e sem uma equipe de marketing brilhante, suas chances são quase nulas. A parte positiva é que, apesar de ser um candidato sem possibilidade de vitória, ele não se tornou um ‘candidato piada’. Ele tem carisma. E isso, com certeza, pode angariar alguns votos de protesto. Se quiser votar nele, é 70.
Faltam quatro dias para as votações. Se puder, vote. Sem proselitismo, todos os 12 candidatos têm plataformas com pontos positivos e negativos. Todas as 12 candidaturas são de pessoas cujas ações já os abonaram e desabonaram. É natural isso. Todos são humanos. Escolha um.
Não acredite nunca que o voto é um ‘direito’ seu. No Brasil não é. No Brasil é uma ‘obrigação’, já que você é multado ao não cumprir esse ‘direito’. Mas é importante para a Democracia que você vote no domingo. É uma dúzia de candidatos, literalmente, pôxa! Algum deles deve ter pontos de concordância com você. E, ao votar, não se esqueça de tomar cuidado com o coronavírus.
Boa votação para você. Seja consciente (não importa em qual seja a sua escolha).