O que pensam os novos vereadores
Foto: DivulgaçãoSaturday, 02 January 2021
A posse deles e do prefeito foi ontem. Saiba um pouco da fala de cada um.
Ontem (01/01) aconteceu a posse do prefeito Mário Hildebrandt, da vice-prefeita Maria Regina Soar e dos 15 vereadores na Câmara Municipal de Blumenau.
Hildebrandt (Podemos) entra em seu primeiro mandato completo (visto que seu anterior foi como vice de Napoleão Bernardes) com uma votação absolutamente acachapante. Com a popularidade em altos níveis, ele também cria altas expectativas nos eleitores.
Em sua fala, ele relembrou sua trajetória e contou o que espera para o futuro.
A cerimônia foi conduzida pelo vereador Bruno Cunha (Cidadania) – o parlamentar mais votado da atual legislatura – e o discurso do prefeito sucedeu as falas dos 15 novos vereadores a assumir seus postos. Abaixo veremos um pouco sobre cada um.
Adriano Pereira
Único vereador petista, Adriano falou persistentemente sobre a necessidade de haver vacinas contra a Covid-19, doença que ele mesmo já teve. Sempre tendo feito uma oposição ponderada, ressaltou a importância do bom senso mesmo quando se opõe a ideais. Justamente por esse posicionamento, ele é o único nome de seu partido que ainda se elege.
Ito de Souza
O terror dos maus fiscais, Ito disse que tentará ter uma relação mais amigável com o Executivo (especialmente com os setores que estão ‘magoados’ com ele). Agradeceu a presença do deputado Ivan Naatz e de Jorginho Mello e pediu ao público que não critique a Câmara por gastos com passagens aéreas, afirmando que é importante parlamentares irem até Brasília para reclamar fundos orçamentários aos quais o município tem direito.
Alexandre Mathias
Depois de longos momentos de agradecimentos a todo o tipo de apoio que recebeu, ele dedicou alguns instantes para elogiar o seu partido (PSDB) e, após falar muito e dizer pouco, atentou para a necessidade de economizar dinheiro público. Um fato bem lembrado.
Almir Vieira
O sargento – herói do fronte que esteve com as tropas da ONU no passado – ressaltou as dificuldades dessas eleições atípicas por conta da pandemia, comemorou o fato de haver duas mulheres na Câmara e uma na vice-prefeitura, além de ressaltar a necessidade de combater os feminicídios. Por fim passou seus 1’30’’ restantes para a vereadora Silmara.
Bruno Cunha
Eu gosto do Bruno. Sempre gostei. Seu trabalho é excepcional. Mas sua fala parecia muito mais voltada a lustrar o próprio ego do que a qualquer outra coisa. Jamais, claro, desmerecendo seus resultados incríveis. Bruno – que sempre se apresentou como ideologicamente neutro/progressista, garantiu que não se candidatará em 2022. Faz sentido. Além de focar em seu bom trabalho, ele perde dinheiro não podendo advogar ou dar aulas. Terminou declarando amor à cidade e, sobre sua votação, disse “segura essa, caramba”. Okay. Essa última frase soou fora de contexto. Mas a gente releva a barra forçada porque o Bruno é legal.
Carlos Wagner
Contou a bonita história de seu antepassado – Peter Wagner – o real primeiro morador de Blumenau. Exaltou seu bairro, o Vorstadt, que após décadas de negligência vislumbra com ele uma chance de reconhecimento real e merecido. Falou em priorizar a educação e na tecnologia como ferramenta de inclusão social. Não puxou o saco de seu partido, citou o Grande Arquiteto do Universo (termo maçom) e também cedeu tempo à Silmara.
Cristiane Loureiro
A vereadora agradeceu o seu partido (Podemos), ressaltou a importância da família e agradeceu aos idosos que saíram de casa só para votar nela. Como ex-presidente da Fundação Pró-Família, ele sempre foi muito querida pela terceira idade, a quem seu competente trabalho beneficiou tanto. Ressaltou a força da mulher e o respeito à vida.
Egídio Beckhauser
Candidato que se elegeu com força admirável, disse que acima de diferenças políticas estão os cidadãos. Excelente afirmação. Para ele o cidadão blumenauense será prioridade. Independente de proselitismo, garantiu fiscalizar o que for necessário. Depois de sua exitosa passagem pela Fundação Municipal de Desportos, ele ressaltou a importância do Esporte para criar o caráter das crianças e manter os jovens longe das drogas. Até mesmo os idosos precisam de práticas físicas para ter uma qualidade de vida melhor. Para ele, a amizade é o que nos move e, portanto, cedeu seus momentos finais ao vereador Tuca.
Tuca Santos
O vereador cujo partido abriu mão do Fundo Eleitoral, agradeceu seus voluntários, lembrando que a Câmara – assim como e Estado – custam caro. De vocação liberal, garantiu abrir mão de benesses parlamentares (como carro oficial), não ceder a nenhum lobby, confrontar a troca de favores e votos entre os vereadores, combater o corporativismo, a burocracia e fiscalizar os Três Poderes.
Gilson de Souza
Eu gosto dele. Ele mandou o discurso pronto às favas e improvisou. Essa atitude diz muito sobre seu bom caráter. Disse que já quis desistir, que nunca se esforçou para ser falsamente agradável (em outras palavras) e que, mesmo assim, se reelegeu. O segundo mais votado, aliás. Constatou o que todos já sabem: que não tem medo de ser pressionado e foi coerente em tudo que disse, como fez em seu primeiro mandato todo. Relembrou crianças pobres e a importância da Educação para elas. Como todos sabem, para Gilson, Educação é compromisso. E um recado: vereador, você não é turrão... é apenas sincero e fiel aos seus princípios.
Jovino Cardoso
Relembrou sua jornada. As eleições que ganhou e as que perdeu. A época em que foi vice-prefeito, onde sofreu diversas traições. Ressaltou sua adorável mãe, comemorou ter a guarda de seus filhos e contou um pouco de sua história antes da política. Começou a trabalhar aos nove anos de idade. Eu namorei uma menina cujo pai, hoje infelizmente falecido, trabalhou com Jovino. E eram muitos elogios. “Nunca conheci um pedreiro/jardineiro/pintor tão eficiente e trabalhador quanto ele”, dizia o saudoso Sr. Paulo Roberto Goedert.
Marcelo Lanzarin
Em época de pandemia, ressaltou a importância da Saúde Pública. Também falou do desafio de representar os eleitores. Disse que “quando estamos fora do parlamento, trazemos uma série de idéias distorcidas do trabalho na Casa Legislativa”. Defendeu a importância da Democracia.
Marcos da Rosa
Antes de falar de Marcos, sou obrigado a fazer um adendo. É ano novo. Em 2020, ele teve uma atitude que julguei baixa e aceitei como um desafio para o conflito. Fui lutador de MMA quando isso ainda se chamava ‘Vale Tudo’ e o UFC nem tinha sigla (era o ‘Ultimate Fight Championship’). Lutando profissionalmente por muitos anos, aprendi a levar as brigas a sério. Quanto mais sangue o oponente perde, melhor. E você nunca foge de um desafio. Mas o ano mudou. Não haverá mais hostilidade ou deboche em relação a ele. Voltaremos a lhe dar o respeito que lhe dávamos antes da fatídica situação. Apêndice feito, vamos à fala. Marcos afirmou que sua missão é representar a população. Relembrou que foi o quarto parlamentar mais votado e agradeceu Jovino, de quem já foi assessor. Disse algo que poucas pessoas param para pensar: o costume de eleitores olharem para um candidato e dizem “esse já está eleito” pode prejudicar seus resultados nas urnas. E isso faz todo o sentido. Relembrou também da época em que foi o presidente da Câmara e da economia que fez. E fez mesmo.
Maurício Goll
Sempre gostei de Goll. Tanto quanto ele gaguejou no discurso. Ou seja: bastante. Foi um excelente superintendente do Garcia. Corrigiu a idade errada com a qual o apresentaram, garantiu apoio a todos os projetos do Executivo e também mencionou o Grande Arquiteto (que, se a essa altura você ainda não entendeu, é como os maçons chamam Deus). Ele será o único vereador do Garcia e com isso o bairro deve ganhar muito. Até pela sua postura de apoio ao governo.
Silmara Miguel
Silmara é simpática. Muito simpática. Daquele tipo que é quase impossível não gostar. Subiu à tribuna como se fosse um púlpito da igreja e mostrou sua intimidade com o microfone. Falou da infância, sobre querer ser uma heroína que mostrasse a importância que cada pessoa tem. Citou Marcos da Rosa, para quem trabalhou, e parabenizou-o. Agradeceu também o deputado Ismael (que tem um dos assessores mais boçais da história da ALESC). Disse que não deseja mais ser uma heroína, mas sim a voz das crianças em necessidade. Assim como mulheres e idosos. Chorou em sua fala, mas garantiu ser firme e constante. Por fim, falou algo muito verídico e que sempre dizemos aqui: ela não é vereadora, ela está vereadora.
Parabéns a essa nova legislatura. Tem vários nomes promissores e poucos questionáveis.