Ganho supera risco em autonomia do Banco Central
Foto: DivulgaçãoFriday, 12 February 2021
Para economistas, dirigentes da autoridade monetária e metas continuarão sendo definidos pelo governo.
Os ganhos superam em muito os eventuais riscos que possam surgir com a aprovação da lei de autonomia do Banco Central, segundo economistas. Questionamentos feitos por críticos do projeto, como a possibilidade de judicialização contra decisões do colegiado ou a “captura” da autoridade pelo mercado, são conjecturas que podem não se concretizar, na visão dos especialistas.
O chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV/Ibre e ex-diretor do BC, José Julio Senna, pondera que o maior risco trazido pelo projeto aprovado é ocorrer uma consolidação da ideia sobre a autoridade ter um duplo mandato, de perseguir a estabilidade de preços e fomentar o pleno emprego. “Aqui no Brasil qualquer coisa parecida com mandato duplo é ruim porque isso pode atrapalhar a formação de expectativas. Priorizar o combate à inflação é a única meta com a qual o BC efetivamente pode se comprometer”, afirma.
Para Senna, “o BC não tem como assegurar determinado nível de emprego”. O pesquisador do Ibre explica que “o nível desejado de emprego em determinado momento no tempo pode variar, pois depende muito da taxa natural de desemprego, que varia de acordo com a legislação trabalhista e outros fatores fora do alcance da autoridade”.