De olho em Lula, Bolsonaro põe máscara e muda tom

De olho em Lula, Bolsonaro põe máscara e muda tom
Foto: Divulgação

Thursday, 11 March 2021

A forma como o governo brasileiro conduz a pandemia é criticada não só por órgãos internacionais como também por grande parte do eleitorado brasileiro.

No mesmo dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso em São Bernardo, o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuou muitos passos no seu. Bem menos inflamado do que de costume, Bolsonaro apareceu utilizando máscara e defendeu as vacinas.

Durante toda a pandemia, ele tem recorrentemente se colocado contra o isolamento e o uso de máscaras e defendido tratamentos sem eficácia. Já chamou os brasileiros de "maricas" por lamentarem as mortes por covid-19 e prometeu não tomar a vacina, em especial "a da China".Hoje, Bolsonaro fez tudo diferente. Vestiu máscara, justificou as políticas de lockdown e até comentou sobre a vacina de sua mãe, que foi imunizada com a CoronaVac —a vacina chinesa produzida em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.

A mudança parece ter a ver menos com a alta dos números, com recordes atrás de recordes em mortes no país, e mais com a possibilidade real de Lula ser candidato em 2022, após retomar seus direitos políticos e ter as condenações da Lava Jato anuladas.

Pesquisa Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) mostrou que apenas Lula poderia superar Bolsonaro em 2021.

A forma como o governo brasileiro conduz a pandemia é criticada não só por órgãos internacionais como também por grande parte do eleitorado brasileiro. Com uma reviravolta no cenário eleitoral do país, Bolsonaro agora fala o oposto do que já falou.

O governo também tem tentado atribuir a si as poucas medidas que funcionaram durante a pandemia, incluindo a aquisição das vacinas. Até mesmo um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), chamou a vacina de "arma" contra a pandemia.

No passado, o presidente chegou a mentir dizendo que sua mãe havia sido imunizada com a vacina de Oxford. Acabou voltando atrás.

Em 19 de outubro, o Ministério da Saúde negociou a aquisição de 46 milhões da CoronaVac. Dois dias depois, Bolsonaro disse que "toda e qualquer vacina está descartada". Ele disse ainda que "tem que ter uma validade da Saúde e uma certificação por parte da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] também". Ou seja, só poderia haver compras após a liberação da agência.

No mesmo dia, o presidente desautorizou a compra da CoronaVac, chamando-a de vacina "chinesa".

O presidente já teve embates diretos com prefeitos e governadores por causa das políticas de isolamento social. Hoje, defendeu a medida.

No entanto, estados buscam pressionar o governo por mais recursos, em especial por leitos de UTI para pacientes de covid-19.

Sobrou até para o tratamento milagroso que tem defendido desde o começo, apesar de pesquisas apontarem sua ineficácia. "O médico sabe que não existe medicamento com comprovação científica, mas muitos médicos têm tratamento opcional", disse.


>> SOBRE O AUTOR

Redação

>> COMPARTILHE