MP indaga Câmara por sobreposição de cargos

MP indaga Câmara por sobreposição de cargos
Foto: Reprodução

Thursday, 25 May 2017

De acordo com denúncia acatada pelo Ministério Público, há uma situação que exige esclarecimentos e o Legislativo parece não estar querendo falar sobre isso.

Enquanto você está lendo esse texto, certamente, tem alguém recebendo propina ou sendo beneficiado por alguma forma de corrupção ou dando mal uso ao seu dinheiro.

Em Brasília parecia que tudo melhoraria com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) – a jaguatirica do Serrado – mas agora começam os protesto que pedem também a cassação do atual presidente Michel Temer – uma espécie de Bella Lugosi brasileiro – e surge o risco de a presidência da República acabar sendo assumida pelo deputado Bolinha Rodrigo Maia (DEM), pelo senador Zé Bonitinho Eunício Oliveira (PMDB), pela ministra Minerva McGonagall Carmen Lúcia ou de as eleições gerais colocarem nomes como o do João Cana-Brava Lula (PT), Collor Ciro Gomes (PDT), Tartaruga Sem Casco Marina Silva (Rede) ou até o Capitão Pinel Jair Bolsonaro (PSC). A certeza é que o futuro é incerto e a Economia sofre.

Mas isso tudo parece tão longe. Está em Brasília, a 1,6 mil km daqui. E protestar contra essa corja parece mais distante ainda. Está frio, sua casa está quente, seu trabalho não pára, então por que não deixar o Sérgio Moro continuar, ou os terroristas sindicalistas da CUT atearem fogo em tudo?

Se bem que o escândalo da JBS – cujo delator saiu pela porta da frente como se tivesse a Polícia Federal na coleira, comprou dólares de forma questionável e deixou o país – envolveu o governador João Plenário Raimundo Colombo (PSD). Mas isso é em Florianópolis. A 150 km daqui.

Se a questão for proximidade geográfica, a Câmara dos Vereadores acabou de resolver seu problema.

O Ministério Público, por meio da 14ª Promotoria de Justiça, está exigindo saber a razão de o Legislativo Municipal ter basicamente três pessoas e três empresas para fazer exatamente o mesmo trabalho: cuidar do prédio e do estacionamento. Compreensível que o Bem Público seja bem cuidado... mas tem gente sobrando aí...

A história começa no passado, quando o próprio Ministério Público mandou a Câmara cortar dois cargos comissionados porque não estava sendo respeitada a proporcionalidade entre comissionados e concursados. Tão rápido quanto os dois cargos foram extintos, eles foram recriados, mostrando o pouquíssimo prestígio que o MP tem para com nossos vereadores.

Curiosamente há duas pessoas dividindo exatamente a mesma função, mas ganhando salários completamente diferentes: enquanto uma ganha R$ 5,6 mil o seu colega ganha R$ 7,4 mil no mesmo cargo fazendo exatamente a mesma coisa: nada. Você, com certeza, nunca achou que zeladoria pudesse pagar tão bem!!!

Calma que fica um pouco mais grave: o servidor com a remuneração mais alta seria cabo eleitoral de um dos vereadores que compõe a Mesa Diretora e este cargo teria sido criado para retribuir um favor usando nosso dinheiro. Afinal nada é mais libertador do que fazer caridade com o dinheiro dos outros. Isso não se aprende na igreja (ou aprende?).

O vereador Silas Malafaia Jovino Cardoso (PSD) teria pedido por mais de uma vez esclarecimentos ao presidente Homem Que Jesus Escolheu Para Nos Guiar Marco da Rosa (DEM), que se portou no melhor estilo “não respondo, não quero responder e tenho raiva de quem responde”.

Procuramos a promotoria e de fato existe uma denúncia, feita em 13 de abril ao promotor Hélio José Fiamoncini que mandou ordem para que a Casa se justificasse,  no que – mais uma vez – foi desrespeitado. Resta saber se ele vai levar isso na esportiva...

A Mesa Diretora é importante e usá-la como balcão para retribuir favores é, na melhor das hipóteses, imoral. E se o vereador Rosa (o sobrenome, não a cor e nem a flor) não sabe de nada de errado – o que queremos acreditar que não saiba (ou que saiba, já que é o trabalho dele saber e agir da forma mais íntegra possível) – então não há motivos para que não responda àqueles que questionam a atitude, sejam do Legislativo, Executivo ou Judiciário.

Lembrando que sobreposição de cargos é, no mais otimista dos olhares, questionável (para não dizer criminosa).

Claro que temos certeza de que o presidente da Casa, conhecedor das responsabilidades que vêm com seu cargo, vai explicar por quê três pessoas e três empresas estão sendo pagas para fazer exatamente a mesma coisa e qual a razão da disparidade salarial. Até porque passou-se a semana falando sobre a ‘transparência da Câmara’ e, certamente, não responder questionamentos pertinentes enquanto se gaba por prestar satisfações soaria como um ato de hipocrisia, o que com certeza o vereador – homem temente a Deus que é – não faria.

Então se você acha que Brasília é muito longe,tem caráter o bastante para não se misturar a sindicalistas e não quer se meter com os problemas do governador Raimundo Colombo, dê um pulo no gabinete 107 e pergunte se estão usando bem nosso dinheiro. Se não estiverem, pergunte quem nomeou quem e por quê. Se não responderem... 


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Ricardo Latorre

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