Morre Olavo de Carvalho, aos 74 anos

Morre Olavo de Carvalho, aos 74 anos
Foto: Divulgação

Tuesday, 25 January 2022

Ironicamente, o alicerce intelectual do bolsonarismo que, não raras vezes negou a gravidade da covid, pode ter morrido em decorrência da doença.

O escritor bolsonarista Olavo de Carvalho morreu, aos 74 anos, na noite de 24 de janeiro. A notícia da morte foi comunicada pela família nas redes sociais do autor. Segundo a postagem no Twitter, o guru da família Bolsonaro estava hospitalizado na região de Richmond, no estado da Virgínia (EUA).

Olavo de Carvalho foi diagnosticado com Covid-19 em 16 de janeiro — à época, a notícia foi compartilhada em seu grupo oficial de Telegram. Oficialmente, porém, a causa da morte ainda não foi divulgada.

Em seu perfil, também no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte: "Nos deixa hoje um dos maiores pensadores da história do nosso país, o Filósofo e Professor Olavo Luiz Pimentel de Carvalho. Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre", escreveu.

Olavo de Carvalho, que nasceu em Campinas, interior de SP, em 1947, deixa a esposa, Roxane, oito filhos e 18 netos.

Internação e vinda ao Brasil

Em julho do ano passado, o escritor havia sido internado às pressas no Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor), em São Paulo.

Naquela ocasião, foi submetido a uma cirurgia renal. Depois de receber alta, teve novas complicações e passou mais de quatro meses internado na clínica Saint Marie, na Zona Sul da capital paulista.

O escritor já vinha sofrendo com problemas de saúde. Em maio, nos Estados Unidos, disse ter passado por uma cirurgia para tirar dois tumores na bexiga. Antes, em fevereiro, teve pneumonia.

No dia 9 de novembro, ainda internado no Brasil, Olavo recebeu uma intimação para depor no inquérito sobre a existência de milícias digitais. No dia seguinte, ele deixou a clínica e, no dia 13 de novembro, voltou para os Estados Unidos.

Teorias conspiratórias

Autointitulado professor de filosofia e apoiador do conservadorismo, Olavo de Carvalho estava desde 2005 autoexilado nos Estados Unidos. No Brasil, foi colunista de publicações como O GLOBO, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Zero Hora, entre outras.

Conhecido como "guru bolsonarista" e ícone do conservadorismo no Brasil, Olavo de Carvalho foi autor de alta vendagem. Entre 2013 e 2019, os livros "O imbecil coletivo" (2013) e "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" (2018), títulos que eram editados pela Record, venderam 400 mil exemplares.

No ano passado, a editora decidiu não renovar seu contrato pelo "posicionamento antidemocrático" do escritor e influenciador bolsonarista, que já teve contas suspensas em redes sociais por propagar fake news e discursos de ódio.

Olavo era adepto convicto de teorias da conspiração como a do "marxismo cultural". Segundo essa visão propagada em suas obras e cursos de filosofia online, existe uma elite composta pela esquerda mundial, a mídia, artistas, universidades, cientistas, organizações não governamentais e grandes empresários, que atuam para impor o comunismo no planeta.

Repercussão

Pelas redes, políticos e admiradores do escritor lamentaram a morte. Além do presidente Bolsonaro, seus filhos Carlos e Eduardo publicaram condolências à família. O deputado Eduardo, ex-aluno de Olavo, afirmou que "seus livros, vídeos e ensinamentos permanecerão por muito tempo". Carlos Bolsonaro cita o "legado" deixado pelo guru bolsonarista.

O perfil oficial do governo também se manifestou e disse que, "de contribuição inestimável ao pensamento filosófico e ao conhecimento universal, Olavo deixa monumental legado". Citou ainda que o escritor foi "reconhecido por grandes escritores nacionais".

O assessor da Presidência, Filipe Martins, afirmou que Olavo sempre será seu "grande farol intelectual" e disse que, para ele, "é como se a filosofia brasileira tivesse morrido".

Políticos como o ministro Onyx Lorenzoni e a deputada estadual Janaina Paschoal também repercutiram a morte. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles disse que o autointitulado filósofo era uma "pessoa especial", de "personalidade forte" e que "jamais fugiu da polêmica".

O deputado federal Coronel Tadeu lamentou que não teve a "honra de conhecê-lo", mas afirmou que "mesmo na eternidade será uma luz para os patriotas". A deputada Kátia Sastre escreveu que Olavo era "uma das maiores referências do atual movimento conservador no Brasil".

O também deputado federal Carlos Jordy chamou Olavo de um "homem brilhante" e afirmou que "é inegável seu legado para o conservadorismo no Brasil e no mundo".

O ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, publicou que é "muito triste perder esse gigante".

Heloisa de Carvalho, filha do guru bolsonarista e rompida com o pai, declarou: "Que Deus perdoe ele de todas as maldades que cometeu".


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Redação

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