Como a guerra na Ucrânia pode influenciar as eleições no Brasil

Como a guerra na Ucrânia pode influenciar as eleições no Brasil
Foto: Divulgação

Tuesday, 01 March 2022

Bolsonaro e Lula evitam críticas direta a Vladimir Putin, e adversário já aproveitam para lembrar de vexames internacionais brasileiros.

Maior conflito armado na Europa em décadas, a invasão da Ucrânia pelas forças armadas da Rússia promete alterar o tabuleiro da ordem mundial e influenciar até o debate interno mesmo em países distantes. Os estilhaços da geopolítica mundial já começam a chegar nas eleições presidenciais do Brasil, com a cobrança por posicionamento dos pré-candidatos.

Essa briga já expôs os principais concorrentes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois evitaram citar o presidente russo, Vladimir Putin, em seus comentários sobre a guerra.

Tanto Bolsonaro quanto o PT tem posições na política externa que devem ser exploradas pelos adversários, a começar pelo posicionamento brando em relação a uma clara violação de tratados internacionais.

Se Bolsonaro causou consternação ao dizer que há “exagero” em classificar a invasão russa como “massacre”, o PT e Lula também têm sido rechaçado nas redes por comentar o conflito com platitudes. “Ninguém pode concordar com guerra, ataques militares de um país contra o outro. A guerra só leva a destruição, desespero e fome”, escreveu Lula em seu último tuíte sobre o assunto.

O posicionamento foi diferente, por exemplo, com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos). Ambos criticaram duramente a invasão e, mais ainda, o posicionamento neutro do governo brasileiro. É um sinal de que eles procuram pontos fracos dos adversários ao “internacionalizar” o debate eleitoral.

Internautas também têm ido aos perfis do PT nas redes sociais para reclamar da dificuldade do partido em criticar governos autoritários, como os de Cuba e Venezuela — um assunto que embalou a discussão ideológica em torno das eleições de 2018 e, naquela ocasião, acabou favorecendo Bolsonaro.

“Ao não assinar carta da OEA (Organização dos Estados Americanos) condenando invasão russa à Ucrânia, Brasil fica ao lado de ditaduras como Cuba e Nicarágua, que também se recusaram a ratificar o documento”, escreveu Doria.

“A ambiguidade do governo brasileiro está errada e o apoio pessoal de Bolsonaro a Putin não representa os sentimentos e os desejos do povo brasileiro”, disse Moro, em uma mensagem em inglês claramente endereçada à comunidade internacional.


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Redação

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