Por unanimidade, conselho aprova a cassação de Arthur do Val

Por unanimidade, conselho aprova a cassação de Arthur do Val
Foto: Divulgação

Tuesday, 12 April 2022

O caso segue agora para o plenário da Assembleia, ainda sem data marcada para ser votado.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, nesta terça-feira, 12, o voto do relator Delegado Olim (PP), que pede a cassação do deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), conhecido como Mamãe Falei. A decisão foi tomada por unanimidade, com dez votos a favor e nenhum contra, em uma sessão cercada de confusão do lado de fora da Assembleia. Agora, o processo segue para o plenário da Alesp.

Desde o seu início, a sessão foi marcada por tumultos. Graças aos apelos que Arthur vem fazendo em suas redes sociais desde a semana passada, centenas de apoiadores (em sua grande maioria, homens) compareceram à entrada do local para pedir que o deputado não fosse cassado. O grupo, que incluiu militantes do MBL, gritou palavras de ordem e atrapalhou a sessão por algumas vezes. No meio da confusão, um ex-assessor de Arthur do Val, Renato Battista, agrediu um ex-assessor do deputado estadual Gil Diniz (PL), Rafael Feltrin.

Também do lado de fora, um grupo de mulheres ucranianas residentes no Brasil compareceu para protestar contra Mamãe Falei.

Dentro da Assembleia, prevaleceu o discurso pela cassação de Arthur do Val na sessão presidida por Maria Lúcia Amary (PSDB). As deputadas estaduais Isa Penna (PCdoB) e Marina Helou (Rede) reforçaram que a punição tem a importância de marcar o posicionamento da Alesp em casos de violência contra a mulher.

Em sua fala, Penna lembrou o episódio em que o deputado estadual Fernando Cury (União-SP) a assediou dentro da Alesp, mas não foi cassado, para pedir que a decisão seja diferente desta vez. Sua fala foi endossada pela deputada Patricia Bezerra (PSDB). Bezerra insinuou que o desfecho do caso de Arthur será diferente porque, ao contrário do outro, este não tem muitos amigos no plenário. “Espero que a Alesp esteja passando por um processo de transformação e que essa cassação não seja fruto de uma comoção em ano eleitoral sob pressão”, cutucou a tucana.

Mas a cassação não foi referendada apenas por mulheres, e tampouco somente por partidos de esquerda. Duas das falas mais agressivas contra Mamãe Falei foram dos deputados conservadores Gil Diniz (PL) e Douglas Garcia (Republicanos), apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Diniz elevou o tom de voz para chamar o acusado de “vagabundo” e “covarde”, além de dizer que ele expõe mulheres com quem tem relações e que quis ser deputado “para pegar menininha”. Garcia lembrou que o membro do MBL também merece ser punido por fornecer armamento (um coquetel molotov, nas palavras do deputado) num conflito internacional.

No mesmo sentido foi a fala de Barros Munhoz (PSDB), vice-presidente do Conselho de Ética. Em outros discursos, Arthur do Val também foi descrito como um parlamentar que usa o mandato para ganhar seguidores nas redes sociais.

Votaram a favor da cassação: Maria Lúcia Amary, Barros Munhoz, Enio Tatto (PT), Adalberto Freitas (PSDB), Wellington Moura (Republicanos), Delegado Olim, Erica Malunguinho (PSOL), Campos Machado (Avante), Marina Helou e Estevam Galvão (União).

A cassação segue agora para o plenário da Alesp, ainda sem data marcada para ser votada. Lá, é preciso maioria simples dos votos (ou seja, 48 deputados do total de 94) para que Arthur do Val tenha seu mandato cassado e perca seus direitos políticos.


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Redação

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