Perfil médio dos candidatos é homem, negro, casado, e Ensino Médio

Perfil médio dos candidatos é homem, negro, casado, e Ensino Médio
Foto: Imagem meramente ilustrativa

Friday, 19 August 2022

Dados do TSE mostram que há mais de 28 mil candidatos registrados para disputar as eleições de 2022.

O candidato médio das eleições gerais deste ano é do sexo masculino (66,6%), tem 49 anos, é casado (52,7%), tem ensino médio (54,9%) e, pela primeira vez, é negro (49,7%). Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Até a eleição passada, em 2018, o candidato médio era branco, apesar de a maior parte da população brasileira se declarar como negro. De acordo com dados de 2021 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, 56,1% dos brasileiros se declaram negros — e 43% se consideram brancos.

Pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Publico, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV, Ivan Mardegan afirma que, apesar de negros e mulheres serem a maior parte da população, são grupos sub representados em postos de poder.

Por isso, o crescimento de candidaturas negras deve ser visto com "naturalidade", como consequência de uma pressão social crescente e de uma mobilização política histórica, afirma o pesquisador.

Entre os motivos para o crescimento dessas candidaturas, o pesquisador do Insper Michael França cita:

  • maior acesso ao ensino superior por pessoas negras;
  • ampliação do debate racial no Brasil;
  • criação de políticas eleitorais para fomentar a participação de minorias, como a reserva de recursos e de tempo de propaganda e forma proporcional entre candidatos brancos e negros;
  • presença de mais candidatos negros incentiva que outras pessoas negras também se candidatem.

Apesar do aumento no número de candidatos negros, os pretos e pardos são maioria só nos cargos de menor peso político — deputado estadual e distrital, no Distrito Federal.

Mardegan explica que, dentro da lógica da carreira política, os cargos mais altos são mais visados. Por isso, é mais fácil entrar nesse espaço por meio de posições com menos competição.

"É como se fosse uma empresa: cargos de diretoria, de presidência, todo mundo quer chegar lá. no meio desse caminho tem barreiras, e essas barreiras são maiores para determinados grupos", afirma.

"Elas [candidaturas de minorias] vão aparecer primeiro aonde é mais permeável, nos cargos menores, menos importante", diz, acrescentando:

"A partir do momento que grupos minorizados passam a romper barreiras nesses níveis menores, você começa a conseguir acessar níveis maiores."

Homens são maioria em todos os cargos

Candidatos do sexo masculino são maioria em todos os cargos, com destaque para governador, cujo percentual de candidatos do sexo masculino é de 83%. Os cargos com mais mulheres candidatas são de vice-governador (60%) e vice-presidente (58%).

Os dados eleitorais vão na contramão da realidade brasileira. Segundo dados do IBGE de 2021, 51,1% dos brasileiros eram mulheres, enquanto os homens eram 48,9% do total.

A participação feminina, no entanto, aumentou desde 2018. Naquela eleição, candidatas eram 31,6% do total e agora são 33,4%.

Já em relação à escolaridade, os candidatos com ensino superior são larga maioria em todos os cargos disputados, com destaque para governador (86%), presidente (83%) e senador (80%).

Os candidatos casados também são a maioria em todos os recortes. Os maiores percentuais são encontrados em candidatos a presidente (75%) e senador (66,4%). Os postulantes ao cargo de vice-presidente casados empatam com os solteiros (41,7%).

A profissão que mais aparece entre os candidatos é a de empresário, seguida por advogado. Juntas, as duas ocupações respondem por 20% do total.

Enquanto advogados, empresários, policiais e jornalistas aumentaram o número de candidaturas nesta eleição, a ocupação donas de casa (-23%), professores do ensino fundamental (-24%) e ensino médio (-38%), além dos servidores federais (-27%) apresentam redução.


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Redação

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