Homem morre ao invadir jaula de leoa

Homem morre ao invadir jaula de leoa
Foto: Divulgação

Friday, 05 December 2025

Ele era apontado com um esquizofrênico negligenciado pelo Estado com 16 passagens pela polícia.

Um incidente foi registrado na manhã deste domingo (30) no Parque Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa. Um homem, identificado como Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu após invadir o recinto da leoa do parque. A informação foi confirmada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Invasão deliberada em recinto de alta segurança

De acordo com a administração municipal, o homem, em um ato deliberado, escalou as estruturas de segurança e grades do cercado da leoa, que possui uma parede de mais de 6 metros, e acessou uma das árvores dentro do recinto. Ele veio a óbito em decorrência dos ferimentos graves provocados pelo ataque do animal.

O recinto da leoa segue rigorosamente as normas do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A leoa envolvida, chamada Leona, tem 18 anos, 130 kg, e nasceu no próprio parque em 2007.

"Comportamento natural,” disse uma bióloga sobre o ataque, ressaltando que Leona, após o incidente, demonstrou alto nível de estresse e choque. O animal, no entanto, obedeceu ao comando da equipe e retornou ao seu ambiente sem a necessidade de tranquilizantes ou uso de arma de fogo.

A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) e a prefeitura iniciaram a apuração das circunstâncias do ocorrido e estão colaborando com as autoridades.

Histórico criminal e problemas de saúde mental

A morte de Gerson de Melo Machado, apelidado de "Vaqueirinho de Mangabeira", lança luz sobre seu recente histórico judicial e estado de saúde. Machado estava em liberdade desde outubro de 2025, após uma decisão judicial revogar sua prisão preventiva.

Ele era considerado inimputável por diversos laudos médicos, com provável diagnóstico de esquizofrenia. O homem acumulava um total de 16 passagens pela polícia, sendo 10 delas registradas enquanto menor de idade, majoritariamente por pequenos furtos e danos.

"Era uma tragédia anunciada. Sem o devido tratamento, sem acompanhamento… está aí o resultado," afirmou Ivison Lira, chefe de disciplina da penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, onde Machado esteve detido. Ele mencionou que, em um dos episódios, o indivíduo chegou a jogar pedras em uma viatura para retornar à delegacia, e que seu raciocínio era "de uma criança de cinco anos".

Machado também tinha sido encaminhado ao CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), de onde fugiu.

Decisão Judicial de Soltura

A soltura de Machado, que estava preso cautelarmente desde julho de 2025 por denúncia de furto qualificado, foi determinada em outubro. O juízo identificou uma "demora excessiva" no processo, alegando que o indivíduo cumpriu 99 dias de segregação cautelar sem que a denúncia fosse recebida ou o pedido de revogação fosse analisado.

O juiz ressaltou que a custódia ultrapassou o prazo legal de 90 dias para revisão periódica obrigatória da prisão, conforme o Artigo 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal. O documento judicial considerou, ainda, que o crime não envolvia violência ou grave ameaça e que a manutenção da prisão seria mais severa do que a provável pena definitiva, determinando a soltura pela ausência de periculum libertatis.


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Redação

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