Ontem a Polícia Militar de Bombinhas prendeu três indivíduos – que na falta de terminologia melhor, chamaremos de ‘vagabundos’ – por estarem supostamente participando da Farra do Boi na Praia de Mariscal, ignorando a legislação proibitiva à prática.

Chegando ao local os soldados encontraram um boi na faixa de areia, apresentando indícios de exaustão profunda e correndo risco de afogamento por estar muito perto da maré cheia.

Os dementes que participavam do evento de brutalidade tentaram atravessar a água para soltar o animal e impedir que a PM o apreendesse, uma vez que o local já estava isolado. Diversos vagabundos fugiram como galinhas (que são, provavelmente, menos covardes que eles), mas a Polícia Militar conseguiu enjaular três dos participantes, que teriam tentado reagir à prisão, numa prova emblemática do quão lhes falta de cérebro.

Levou horas para que o boi fosse resgatado, mas conseguiram e ele foi levado para um local adequado onde recebeu cuidados e tem se recuperado. A expectativa é de que fique bem.

É curioso que esses ignorantes covardes achem que é uma ‘divertida prova de coragem’ atiçar um animal que, além de não ter feito nada, têm suas capacidades de autodefesa reduzidas.

Se eles querem uma ‘divertida prova de coragem’ de verdade, é sugerido que procurem grandes nomes das artes marciais – como Anderson Silva, José Aldo, Pedro Rizzo, Júnior Cigano, Vitor Belfort, Lyoto Machida, Minotauro e Wanderley Silva – ou soldados treinados por Forças Especiais dêem um tapa na cara deles e saiam correndo. Dez covardes em cima de um boi cansado é fácil. Mas um vermezinho desse não teria um átimo de hombridade para suportar um segundo sobre um octógono com um lutador profissional.

Querem  se portar como bárbaros usando a violência como diversão? Ótimo. Façam. Mas vikings, unos, frísios ou godos não violentavam animais para provar sua hombridade: eles desafiavam outros guerreiros em igualdade de condições. Mas estamos falando de homens, não desse tipinho que participa da farra.

Ilegalidade

É de máxima importância lembrar que o Ministério Público de Santa Catarina considera a farra do boi um crime que foi por duas décadas enquadrado pelo Artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais.

Essa palhaçada travestida de tradição foi inserida no estado em 1748 pelos açorianos e – por incrível que pareça – encontra defensores até na UFSC que afirmam ser o ato uma ‘questão cultural’. É válido lembrar que a escravidão de negros e posteriormente o racismo eram questões culturais no século passado e hoje são crimes. Então uma ‘cultura’ do século XVIII não tem mais sequer o direito de receber o nome de cultura numa época onde cada vez menos pessoas comem carne ou derivados de animais.

Agora, as almas medíocres e provincianas que sentem necessidade contumaz de atiçar um animal para provar ter a hombridade que não têm pode ir até um zoológico, saltar a grade do leão e chamar ele para brigar. Certamente será um jantar inesquecível para o rei das selvas.

Infelizmente, como já dizia uma tradicional banda de Hardcore e Punk catarinense chamada Gritando HC sobre a farra do boi nos idos dos anos 90: “vergonha para o estado de Santa Catarina”.