Como a Interpol identificou e prendeu brasileiro foragido em de 90 minutos

Como a Interpol identificou e prendeu brasileiro foragido em de 90 minutos
Foto: Divulgação

Monday, 25 June 2018

Câmeras do estádio, fotos e identificação de torcedor da Fifa foram usadas em operação que começou aos 30 do primeiro tempo e terminou no fim do jogo

Rodrigo Denardi Vicentinni, de 31 anos, acusado de uma série de roubos a agências dos Correios no Espírito Santo, foi preso por agentes da Interpol de São Petersburgo no meio da partida entre Brasil e Costa Rica, na sexta-feira, pela Copa do Mundo da Rússia. A operação que prendeu o brasileiro envolveu a Interpol, a Polícia Federal do Brasil e até a organização do Mundial, e só começou com a bola já rolando na vitória do Brasil na Zenith Arena. E durou menos de 90 minutos.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia de São Petersburgo, Rodrigo ficará preso por dois meses e foi levado para uma penitenciária fora da cidade, onde aguardará a extradição.

A informação que um brasileiro procurado pela Justiça talvez estivesse no estádio de São Petersburgo na hora do jogo só chegou ao escritório da Interpol da cidade às 15h30, quando a seleção de Tite ainda empatava em 0 a 0 com a Costa Rica. A convicção que talvez ele estivesse no jogo pareceu óbvia aos investigadores, já que dificilmente alguém que saiu do Brasil e foi parar na cidade tivesse programa mais importante naquela hora.

As forças de segurança russas, através da FAN ID, documento obrigatório para todo torcedor na Copa do Mundo, controlam e checam todos aqueles que entram no país e nos estádios. No meio de tantas informações, foi notada a presença de Rodrigo Denardi. Ele havia voado do Brasil, parado em Londres e viajado de carro até a Rússia, tudo isso usando um passaporte italiano. A presença dele foi notada porque, no passaporte falso, e consequentemente na FAN ID, ele apenas inverteu seu nome e sobrenome, ao invés de Rodrigo Denardi, seu nome estava como Denardi Rodrigo. Assim, foi fácil de o sistema de segurança identificar que poderia se tratar do suspeito.

Com as informações em mãos, a Interpol sabia exatamente o lugar de Rodrigo no estádio, no setor B-107, e passou a usar as câmeras de segurança do local para tentar identificá-lo. Só que apenas fotos antigas do foragido estavam disponíveis. Começou então, uma cooperação com agentes de segurança brasileiros, presentes no estádio e também nos escritórios no Brasil. Uma nova foto foi apresentada e, meia hora depois, as autoridades russas já tinham a imagem atual dele, e vídeos de quando e como ele foi para o jogo.

Daí foi fácil: a Interpol só esperou ele se afastar um pouco da multidão que sofria torcendo por Neymar e cia, para evitar riscos, e o prendeu dentro do estádio, no fim do jogo.

Rodrigo se disse inocente em audiência realizada hoje, e disse estar sendo bem tratado pela polícia russa, depois da uma operação espetacular que o prendeu. A quadrilha da qual Rodrigo é acusado de fazer parte rendia servidores e clientes dos Correios em Vila Velha (ES), e estima-se que R$ 230 mil tenham sido roubados.

ENTENDA O CASO

Em agosto de 2017, uma operação da Polícia Federal em conjunto com a Delegacia de Combate a Crimes Contra o Patrimônio e Tráfico de Armas (Delepat), do Espírito Santo, havia prendido dois suspeitos, com mandados de busca e apreensão. Vários acusados estavam foragidos, incluindo Rodrigo, agora detido na Rússia.

Rodrigo pode responder pelos crimes de roubo qualificado e associação criminosa armada, cujas penas somadas chegam a 13 anos de reclusão para cada uma das ações.


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Redação

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