Quatro advogados defendem homem que esfaqueou Jair Bolsonaro

Quatro advogados defendem homem que esfaqueou Jair Bolsonaro
Foto: Divulgação

Wednesday, 12 September 2018

Zanone Júnior, que trabalhou no caso do goleiro Bruno, disse que foi contratado por um homem de Montes Claros que seria da mesma igreja de Adélio Bispo de Oliveira.

Quatro advogados defendem Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, na zona da mata mineira.

Um deles é Zanone Júnior, que trabalhou nos casos do goleiro Bruno e da missionária americana Dorothy Stang. Zanone Júnior disse ao Jornal Nacional que foi contratado por um homem de montes claros que seria da mesma igreja de Adélio. O advogado não quis revelar o nome dessa pessoa. Zanone Júnior acrescentou que os advogados foram pagos para os primeiros dias da defesa de Adélio e não quis revelar o valor.

Outro advogado de Adélio, Fernando Magalhães, que também atuou no caso Bruno, disse que o trabalho dos defensores de Adélio não tem relação alguma com partidos políticos ou nomes públicos conhecidos. Fernando Magalhães também não quis revelar a identidade de quem pagou e quanto foi pago.

O Jornal Nacional não conseguiu contato com os advogados Pedro Felipe e Possa e Marcelo Manoel da Costa.

Durante todo o dia, circularam nas redes sociais suspeitas contra os advogados indagando quem estaria por trás da contratação deles. No fim da tarde, a OAB de Barbacena divulgou nota de repúdio sobre as suspeitas levantadas nas redes sociais em relação aos advogados. A entidade afirmou que a tentativa de macular a honra e a dignidade dos profissionais, além de configurar crime, é também um ataque à democracia e à própria OAB. E acrescentou que todos têm direito ao devido processo legal, com garantia de ampla defesa por meio de um advogado.

De jatinho particular

O advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior utilizou um avião particular para deixar Belo Horizonte às pressas rumo a Juiz de Fora, na Zona da Mata, para participar da defesa de Adelio Bispo de Oliveira, homem que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nessa quinta-feira.

O trajeto foi feito no dia seguinte ao ataque. Ao lado de Zanone, viajou o também advogado Fernando Costa Oliveira Magalhães. Os dois fazem parte de uma união de quatro profissionais que defendem Adelio. Completam o grupo Marcelo Manoel da Costa e Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, que atuam em Barbacena, na Zona da Mata, e acompanham o caso desde o início.

A defesa de Adelio é paga, de acordo com os próprios advogados, por uma congregação religiosa de Montes Claros, no Norte de Minas. O nome da igreja, entretanto, foi mantida em sigilo.

Em Juiz de Fora, os quatro advogados participaram da audiência de custódia que definiu a transferência de Adelio do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) local para uma penitenciária federal, no Mato Grosso do Sul. A defesa concordou com a decisão e argumentou que a ação do cliente se deveu ao discurso adotado por Bolsonaro.

“Vamos agora juntar alguns discursos que a vítima fez. É com base nos discursos que a gente vai trabalhar. O caso é um crime contra a segurança nacional não é a toa, porque tem cunho político. Para nós, é importante que esteja junto o que motivou essa ação. É justamente discurso contra negros, contra mulheres. Isso para nós é fundamental fazer a defesa. Nossa intenção não é absolver. Nossa intenção é explicar o motivo”, disse Zanone, em entrevista ao Estado de Minas.

Representante de Bolsonaro, o deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR) questionou o fato de Adelio ter contratado tantos advogados particulares. “Nos chama muita atenção - e aqui eu faço o registro de que é um direito da defesa ter advogados -, mas alguém, em situação de pobreza como a gente viu, ter quatro advogados e não ter a defensoria pública acompanhando… Só aí eu deixo para vocês de que não há indícios de que não é um ‘lobo solitário’ sem estrutura financeira nenhuma”, disse, ao sair da audiência.


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Redação

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