Agressão de motorista de Uber reabre discussão

Agressão de motorista de Uber reabre discussão
Foto: Divulgação

Tuesday, 14 March 2017

Houve duas agressões quase simultâneas em Blumenau e BC trazendo à tona a questão: o que é necessário para que ambos os lados envolvidos possam trabalhar e coexistir?

Na madrugada deste sábado (11/03) um motorista de Uber foi agredido.

De acordo com relatos, quando deixava um passageiro no Clube de Caça e Tiro Jordão (Progresso), ele teria sido fotografado por taxistas que já o estavam observando. Rumando em direção ao Terminal Garcia para buscar outro passageiro, ele teria sido interpelado por um motorista de táxi que teria lhe dito para não voltar a trabalhar no Garcia.

Voltando ao Centro ele afirma que por duas ocasiões teria sofrido com tentativas de táxis de pará-lo, sendo que ao chegar na Rua Hermann Huscher (Vila Formosa), próximo ao Hotel Vienna, teriam conseguido pará-lo e danificar seu veículo, além de esmurrar-lhe no rosto.

A Polícia Militar está avaliando imagens da Central de Monitoramento para identificar os agressores.

No mesmo dia – praticamente na mesma hora – um taxista de Balneário Camboriú chutou um Uber que trafegava pela Avenida Normando Tedesco menos de 24 horas depois de o serviço chegar àquela cidade, acendendo na região discussão sobre os prós e contras do Uber.

Talvez o único ponto que o serviço tenha de positivo em Blumenau (haja vista que aqui os carros não são de luxo e tampouco os motoristas recebem os passageiros com a mesma qualidade que em outros lugares) é o preço. O Uber é barato. Muito barato. Mas, pelo menos por aqui, suas vantagens terminam aí.

Já começam a surgir as primeiras histórias de passageiras de Uber que acabam sendo assediadas pelos motoristas por conta da fragilidade de um sistema que se propõe a ser melhor do que o serviço de táxis oferecido no município.

Outro ponto é o dano social que essa nova plataforma traz: enquanto taxistas precisam fazer cursos, passar por periódicas reciclagens e lidar com toneladas de burocracia, os motoristas de Uber simplesmente se cadastram e prestam um serviço que sequer é regulamentado na maioria dos lugares do Brasil.

Enquanto pais e mães de família usam seus táxis para garantir o sustento de seus filhos, os motoristas de Uber costumam usar seus carros como uma espécie de ‘bico’ para incrementar a renda quando não estão trabalhando (e tem motorista de Uber da cidade que de dia é funcionário público).

Há espaço, sim, para ambos os serviços. Mas é necessário que os dois lados tenham as mesmas responsabilidades e vantagens para evitar uma concorrência desleal. É fundamental que os taxistas entendam que o Uber é uma realidade que não vai sumir porque alguém está insatisfeito, mas também é imperativo que os motorista de Uber sejam profissionais ao invés de ‘quebra-galhos’ oportunistas.

Bater em motoristas de Uber não vai resolver nada e, mesmo que resolvesse, seria inadmissível. Se a classe dos taxistas deseja mostrar o quanto é fundamental para o país, que faça uma greve nacional e deixe que os Uber dêem conta da impossível demanda. Mas isso, obviamente, também não seria solução.

Talvez melhorar a Central de Táxi ou ter um aplicativo decente para quem deseja pegar um táxi fosse muito mais efetivo do que reclamar ou, criminosamente, agredir.

Se bem que os bons profissionais não estão tão preocupados. Num mundo caótico, repleto de trânsito e péssimos condutores, o uso de táxis está cada vez mais indispensável. Eu, por exemplo, conto com os excelentes serviços de um taxista de minha extrema confiança, Abel Alves (o whats dele é 991.565.726 e seu ponto fica em frente ao Giassi). Ele – um excelente profissional – com certeza jamais se sentiria ameaçado por amadores que dão caronas remuneradas nas horas vagas.

Nós torcemos, claro, para que a polícia pegue os agressores tanto em Blumenau quanto em Balneário, mas torcemos principalmente para que ambas as categorias compreendam que é possível trabalhar juntas e que tem espaço para todos. A estrutura que envolve o serviço de táxis deve apenas se reciclar e os motoristas de Uber devem se profissionalizar.

Por isso é fundamental que haja leis regulando a função e exigindo as condições sob as quais se pode trabalhar.


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Ricardo Latorre

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