Por volta do meio-dia desta quarta-feira (20/12) um Volvo XC 60 de Balneário Camboriú, um Hyundai IX 35 e um Fiat Mobi se envolveram em uma colisão na Rodovia Werner Duwe. E eis que um dos envolvidos no acidente – apontado por testemunhas como o principal causador – era o motorista do Volvo, o ex-deputado federal João Alberto Pizzolatti Neto.

Para quem não lembra, Pizzolatti foi cassado em 2015 acusado de corrupção em esquemas de beneficiamento financeiro ilícito na Petrobras e ainda é um dos investigados na Operação Lava-Jato. Infelizmente o episódio não serviu apenas como exemplo do nítido fundo do poço no qual o ex-parlamentar se encontra, mas também resultou na internação do jovem que dirigia o Mobi, atendido pelo helicóptero Arcanjo com 10% do corpo queimado.

Visivelmente embriagado, Pizzolatti chegou a ser hostilizado ao sair do carro e foi filmado por diversas pessoas no local.

Encaminhado ao Hospital Santa Isabel e sem escolta policial (como deveria ser nesses casos), o ex-deputado negou-se a fazer o exame do bafômetro e numa vergonhosa demonstração de falta de caráter simplesmente fugiu do hospital para onde foi levado. Agora, por conta desse grotesco erro operacional, ele não poderá mais ser preso em flagrante por dirigir embriagado.

Até as 20h ele não havia se apresentado ainda às autoridades e não podia ser considerado foragido porque estranhamente a Polícia Militar Rodoviária sequer registrou a ocorrência. Seja por incompetência dos agentes ou por razões mais sinistras, o fato é que Pizzolatti foi beneficiado, afinal a investigação só pode ser instaurada depois do registro e o flagrante já se perdeu.

Michel Saliba, advogado do ex-deputado, disse que ele sofre de alcoolismo e depressão, além de ter tentado anteriormente tratamento. O que não muda em nada o fato de que dirigiu ébrio e pode ter sido o principal responsável pelos ferimentos de um jovem. Não ter permanecido no hospital passa a soar como admissão de culpa e qualquer ‘doença’ que vise justificar seu comportamento começa a parecer conveniente demais.

Um ex-deputado federal se arrebentar numa estrada vergonhosamente bêbado não é uma tragédia, mas um rapaz de 23 anos com queimaduras de 3° grau é. A decadência desimportante de um, infelizmente, pode ter condenado o futuro de outro. Alguém, aliás, que não carrega contra si nenhuma acusação de corrupção.

Resta apenas torcer pela saúde do jovem.

No vídeo acima do jornal 'O Município' Pizzolatti assume responsabilidade pelo ocorrido visivelmente embriagado. O que seus interlocutores não sabiam ao dizerem "vai pagar fiança e vai sair" é que ele sequer iria preso. Uma verdadeira vergonha para as autoridades.