Lembro de estar, alguns anos atrás, na prefeitura quando fui abordado por um idiota qualquer que tirou satisfações sobre matéria que eu havia escrito sobre a corrupção de alguns fiscais de obras. Disse que todos eram honestos e trabalhadores, imputou calúnia contra pessoas que os denunciavam a ameaçou me processar. Lembro de ter dito a ele que poderia processar, se quisesse, e certamente perderia porque vários de seus colegas – e talvez até ele – eram criminosos.

Tempos depois fizeram a denúncia que levou à prisão de um de seus colegas, que protagonizou uma cena patética fingindo tentar suicídio atirando-se da janela fechada do quarto andar da prefeitura. Sugiro que da próxima vez, ao menos, abra o vidro.

Mas com todos os movimentos contra a corrupção – que, infelizmente, acabaram elegendo muitas pessoas corruptas com discursos falsamente moralistas – houve alguma expectativa de que esse tipo dantesco de situação diminuísse e, quem sabe um dia, cessasse. Ledo desejo vão.

Um dos fiscais criminosos que denunciamos – ainda nos idos de 2014 – que queria cobrar propina para não multar uma lanchonete. Ele exigiu o pagamento de R$ 250 no dia posterior ao contato em R$ 450 para quando a obra estivesse pronta. Contudo, como o canalha já havia incidido nessa prática outras vezes, o comerciante gravou a conversa e, em parceira com policiais à paisana, viu sua prisão em flagrante ser efetuada quando ele veio buscar a primeira parte do dinheiro.

Tanto o fiscal corrupto quanto seu parceiro mitomaníaco foram enquadrados foram denunciados pelo crime de concussão pelo Ministério Público, tendo a modalidade criminal mudada para corrupção passiva majorada pelo juiz Juliano Rafael Bogo, titular da 1ª Vara Criminal da comarca de Blumenau.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) condenou-os a dois anos e oito meses de cadeia (no semiaberto) em julho desse ano, além de cassar seus cargos públicos aplicar pena de três salários mínimos, bem como bem serviços comunitários para abonar a prisão.

E eis que na manhã dessa quarta (14/08) mais um fiscal foi preso exigindo um pagamento de R$ 300 para não embargar uma obra. A vítima, por se tratar de servidora pública também, deu a voz de prisão ao meliante durante o flagrante e pediu para parentes gravarem a ação. O vagabundo tentou fugir, como um covarde, mas foi imobilizado até a chegada da PM.

Ele deve participar de uma audiência de custódia hoje enquanto a prefeitura um processo administrativo para investigar o caso. Mas uma fruta podre na fiscalização da cidade.

E o fiscal, tão indignado defendendo seus amigos/comparsas/parceiros/namorados em 2014 perder mais um ponto no seu argumento patético. Se é, claro, que não é um desse maus funcionários públicos que respondem processo por corrução e sujam a imagem de uma função tão importante.

Sempre vamos estar de olho e mantemos o bom e velho conselho que demos cinco anos atrás: no caso de querer parecer psicologicamente instável, pelo menos tenha a decência de abrir a janela.