Cinco cidades-fantasma para conhecer no Brasil

Cinco cidades-fantasma para conhecer no Brasil
Foto: Reprodução

Monday, 13 February 2017

Para quem acha que cidade fantasma é legado de tragédia nuclear ou cenário de filme apocalíptico, conheça cinco fascinantes locais do gênero em nosso país.

Você já deve ter visto no cinema histórias que se passam em cidades-fantasma nos mais variados gêneros que vão do terror ao western. Mas muita gente acha que esse tipo de zona abandonada é exclusiva de resquícios da colonização estadunidense ou de da Guerra Fria. Mas estão enganados.

O Brasil tem suas próprias cidades-fantasma e, algumas delas, são belíssimas. Certamente uma grande atração aos turistas que buscam emoções ímpares.

Conheça abaixo algumas delas.

Airão Velho (AM)

Fundada por missionários portugueses nas margens do Rio Negro em 1694 a cidade foi estratégica enquanto ainda não haviam sido delimitadas as fronteiras entre as terras do Reino de Portugal e as colônias espanholas.

Ganhando uma importância enorme na região por conta da extração do látex das mangueiras. A prova disso é que no Ciclo da Borracha (de 1879 a 1945) a cidade teve dezenas de casas aviadoras que abasteciam as residências, empresas e usinas do local.

No entanto, quando o látex começou a se esgotar, os moradores abandonaram o local e fundaram uma cidade perto de Manaus chamada Nov Airão, nos anos 50. O abandono chegou a tal ponto que a Marinha chegou a usar suas construções para os exercícios de tiros de seus navios em 1975, até que a cidade foi tombada pelo Patrimônio Histórico em 2005.

Hoje a vila em ruína conta com apenas um habitante – Shigeru Nakayama (65 anos), nascido em Fukuoka (Japão) – que chegou ao local em 2001. Ele, que mora no Brasil há 50 anos, cuida do local e guia turistas, mas não cobra nem um centavo por isso. Então, se visitá-lo, seria sempre de bom tom deixar uma ajuda de custo para esse simpático senhor.

Para quem quiser conhecer, se hospedar na capital amazônica, Manaus, é a melhor pedida.

Ararapira (PR)

Fundada pelos portugueses ainda em 1547 na divisa entre São Paulo e Paraná, se tornou um importante entreposto militar marítimo, chegando a ter 500 habitantes.

Algumas pessoas acreditam que ao ser aberto um canal artificial na área, surgiu uma erosão tamanha que o povoado começou a ser ‘engolido’ por volta de 1950, elevando o nível do mar e alagando parte da vila. Outros crêem que quando Ararapira foi tomada pelo Paraná (até 1920 pertencia a São Paulo) o governo paulistano deu aporte financeiro para quem quisesse deixar o município e fundar um novo, do seu lado da divisa.

Isso teria deixado a vila paranaense completamente abandonada.

A cidade está completamente abandonada: a igreja não tem pároco; o cartório não tem funcionários; e os moradores contrataram uma pessoa para cuidar do local já que em novembro, por conta do Dia dos Finados, o movimento no local enfim aumenta.

No começo dos anos 80 uma empresa chegou a tentar tomar o local para derrubar árvores e transformar tudo em um pasto, mas os moradores conseguiram criar o Parque Nacional do Superagui, que hoje é um santuário ecológico.

Para os interessados em conhecer o local, a cidade ideal de hospedagem é Paranaguá (93 km de Curitiba) que, além de sua bela arquitetura colonial, fica muito próximo também da paradisíaca Ilha do Mel.

Biribiri (MG)

Construída em 1876 por Dom João Antônio dos Santos para abrigar funcionários de uma fábrica de tecidos trazendo mais de mil pessoas para a pequena cidade.

Formada pela indústria, as casas dos funcionários, uma pequena via comercial e um gerador de energia próprio, Biribiri ainda tinha um pensionato para receber as jovens que vinham de outras localidades. Aos poucos o vilarejo foi crescendo e parecia promissor.

Porém, em 1973, a fábrica fechou e seus moradores foram embora. Inicialmente preservada pelos herdeiros dos primeiros cidadãos a transformá-la num lar e posteriormente tombada pelo Patrimônio Histórico, se tornou uma atração turística.

Em 2013 metade dos imóveis da vila foi vendida e os novos ‘donos’ do lugar planejam, por exemplo, transformar o antigo pensionato em um hotel.  Uma pousada já existe no local e  símbolos locais – como a igreja e o clube – deverão passar por reformas.

A aquisição ainda está em uma fase complicada, porque a Lei não permite que as casas tombadas sejam desmembradas, então o interessado deve comprar tudo junto.

Além da pousada que já existe no local, você pode se hospedar na cidade de Diamantina (298 km de Belo Horizonte). Cidade histórica e com diversas atrações naturais, com certeza vale ser visitada pelos amante da Cultura de nossas raízes e pelo Meio Ambiente.

Cococi (CE)

Localizada no sertão cearense, essa cidade foi criada dentro de uma enorme fazenda familiar em 1708, obtida através do sistema de sesmaria com o intuito de tornar a terra produtiva.

Era necessário que o dono do vilarejo tivesse recursos para atrair colonos, cuidar da terra e promover o desenvolvimento naquela região. Os colonos que chegavam recebiam um terreno e insumos para se estabelecer e assim foi fundada a vila, por Francisco Alves Feitosa (a mais poderosa oligarquia da história do Ceará Colonial).

Com um rápido crescimento, foi promovida a município em 1950 com 4 mil habitantes.

Contudo, segundo contam na região, o prefeito da cidade havia cometido crimes de corrupção, deixando as finanças locais baqueadas e, assim, desagradando o Governo Militar, que rebaixou Cococi a distrito de Parambu em 1966.

Somado isso às secas e a um desfalque aplicado no município pelo último prefeito, as pessoas abandonaram o local. Câmara municipal e prefeitura já foram tomados pela vegetação e apenas sete pessoas permanecem morando lá, onde sofrem com a constante falta de água.

O local só recebe mais visitantes durante o Novenário de Nossa Senhora, que acontece uma vez por ano e atrai cerca de 300 pessoas.

Quem quiser conhecer o local pode ficar em Iguatu (382 km de Fortaleza) ou Juazeiro do Norte (492 km de Fortaleza).

Desemboque (MG)

Erguida opor bandeirantes em 1766 em sua rota rumo ao ouro de Goiás, já foi o maior centro comercial e de mineração do famoso Triângulo Mineiro, dando abrigo a 1,5 mil habitantes e repleta de vida comercial e de lazer, incluindo um pequeno cassino.

Contudo, em 1871, o ouro começou a escassear e as pessoas acabaram partindo para as cidades vizinhas e abandonando os garimpos que já não tinham mais nada a oferecer.

Atualmente o local é uma vila pertencente ao município de Sacramento tendo apenas 20 casas, duas igrejas muito bem conservadas e um cemitério. Interessados em visitá-la podem ficar na bela cidade de Araxá (365 km de Belo Horizonte): local histórico e com belíssimos monumentos.


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Ricardo Latorre

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