A fé e a espiritualidade motivam, todos os anos, milhões de pessoas a planejar viagens a roteiros religiosos. Em todo o mundo, o turismo religioso movimenta mais de 300 milhões de pessoas - no Brasil, este volume é de 17,7 milhões de viajantes, segundo dados do Ministério do Turismo (2016).

Além da busca por igrejas, roteiros e monumentos históricos, o turismo religioso movimenta a economia local, como hotéis, pousadas, restaurantes e lojas de souvenir, entre outros estabelecimentos - principalmente em datas como Páscoa e Natal. É o que destaca o relatório produzido pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae/SC, que aponta boas práticas para que pequenos negócios em cidades com potencial turístico ofereçam serviços qualificados e diferenciados aos viajantes da fé.

O Brasil tem mais de 300 destinos de turismo religioso, de Norte a Sul do país, que geram mais de 20 milhões de viagens por ano. Grande parte dessas atrações são cristãs, porém existem de outras religiões, como budistas, espíritas, do candomblé, entre outros.

O principal destino é Aparecida (SP), que recebe mais da metade dos viajantes no país - são cerca de 10 milhões de pessoas, de acordo com levantamento do Ministério do Turismo. É mais do que recebem, anualmente, outros famosos destinos religiosos internacionais: no Vaticano, são cerca de 6 milhões de turistas; em Israel, foram 3,5 milhões de pessoas visitando a Terra Santa em 2017 (dos quais 54%  são cristãos).

Além de Aparecida, outras regiões que apresentam um forte potencial de turismo religioso são Juazeiro do Norte (CE), terra de Padre Cícero, e a pequena Nova Trento, em Santa Catarina. A cidade, que conta com um santuário de Madre Paulina inaugurado no início da década passada, recebe anualmente cerca de 840 mil visitantes, especialmente em outubro, quando ocorre a festa de beatificação da Madre e em maio, quando se celebra a canonização de Santa Paulina.

O perfil do turista religioso

Os turistas motivados pela espiritualidade em geral têm interesse em conhecer a história e a arquitetura do destino religioso. No Brasil, costumam viajar em grupos e excursões e aproveitam especialmente finais de semana e feriados prolongados. Nas viagens mais curtas, pernoitam no ônibus ou em casa de parentes e amigos, mas nas mais longas procuram hotéis, pousadas e hostels.

Como o segmento é totalmente ligado à fé pessoal, efeitos causados pelos altos e baixos da economia não afetam este segmento. Turistas e fiéis continuarão a viajar, mesmo que em seu planejamento de viagem façam escolhas mais econômicas, mas não abrem mão da viagem. Este é um aspecto importante que os empreendedores devem ter em mente quando forem pensar em estratégias para este perfil de público.

É essencial também conhecer a religião a que se propõe trabalhar e sensibilidade em oferecer o produto/serviço certo para a pessoa certa: no período da quaresma que antecede a Páscoa, para os católicos, restaurantes não podem deixar de oferecer peixes e frutos do mar, por exemplo.

Em alguns estados, como Santa Catarina, há uma Rota do Turismo Religioso que está bem dividida entre várias regiões. Nestes casos, recomenda-se fazer uma combinação de roteiros com opções adicionais de acordo com o potencial de cada cidade: quem visitar a Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Urubici, pode também fazer um passeio pela Serra do Rio do Rastro, que liga a serra catarinense ao sul do estado e tem boas opções gastronômicas.