Gastronomia mineira será âncora de campanha nacional para atrair turistas

Gastronomia mineira será âncora de campanha nacional para atrair turistas
Foto: Divulgação

Tuesday, 14 May 2019

Objetivo é valorizar o turismo gastronômico e aproveitar seu poder de incentivar viagens pelo Brasil.

O ministro Marcelo Álvaro Antônio participou, nesta segunda-feira (13), em Belo Horizonte, da primeira audiência pública da Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O foco da atuação do colegiado é debater e apoiar ações, programas e políticas públicas que viabilizem a geração de emprego e renda por meio do turismo gastronômico no estado.

Para Álvaro Antônio, a avaliação positiva da gastronomia brasileira por 95,7% dos estrangeiros que visitam destinos nacionais é um indicativo de que a culinária deve ser tratada como produto turístico capaz de estimular a competitividade do setor. “O MTur quer valorizar o poder que o turismo gastronômico tem de incentivar viagens. A exemplo de países vizinhos como Peru e Colômbia, vamos trabalhar para transformar nossa comida em referência na hora de vender o destino Brasil, a começar por Minas Gerais”, afirmou o ministro.

Secretário de Turismo e Cultura de MG, Marcelo Matte também destacou o potencial que a culinária mineira tem para exercer papel fundamental no eixo de atração turística do estado. “Nossa gastronomia é um enorme ativo local e vai ser o centro de uma campanha nacional que estamos preparando”, antecipou, destacando ainda a importância de aliar o potencial cultural de Minas à equação.

Deputado federal e presidente da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, Newton Cardoso Jr destacou o “reconhecimento do patrimônio imaterial mineiro através da gastronomia”. Ele lembrou que o pão de queijo é indissociável da origem mineira e que o estado deve explorar a imagem positiva para gerar negócios e firmar a identidade mineira no turismo nacional e mundial.

Já o presidente da Comissão Extraordinária da AL-MG, deputado Professor Irineu, considerou o debate um momento decisivo para o desenvolvimento do setor em Minas. “O turismo nunca esteve tão bem representado e tenho certeza de que vai deslanchar", destacou, agradecendo a presença do ministro e do presidente da CT da Câmara.

GASTRONOMIA COMO POLÍTICA PÚBLICA

O Plano Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia 2018–2021 está previsto na Lei 21.936, de 2015, que instituiu a Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia.

O documento, construído em parceria com chefs de cozinha, produtores, agricultores, donos de restaurantes e agentes do setor, prevê investimentos em 55 iniciativas de valorização da gastronomia em Minas, apoiando a cooperação entre as esferas pública e privada.

REFERÊNCIA DO BRASIL

Em todo o Brasil, a Rede de Cidades Criativas da Unesco já consagrou as cidades de Florianópolis (SC), Belém (PA) e Paraty (RJ) com o selo de cidade criativa da gastronomia. BH está na disputa este ano.

Belo Horizonte, aliás, está entre os destinos da Rota do Queijo Terroir Vertentes, projeto premiado pela 1ª edição do Prêmio Nacional do Turismo. O roteiro, que levou o segundo lugar na categoria Turismo de Base Comunitária e Produção Associada ao Turismo do Brasil, promove o desenvolvimento econômico e a gastronomia mineira em 23 municípios, gerando mais trabalho e renda para o estado.

O casamento entre turismo e a gastronomia de Minas é de longa data. Outro exemplo bem-sucedido é o modo artesanal de fazer queijo nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do Salitre, eleito patrimônio imaterial do Brasil pelo IPHAN, que atrai turistas de diversas partes do país para as fazendas do interior do estado.

Conheça os pratos típicos de Minas Gerais

Pão de queijo, frango com quiabo, doces e preparações à base de couve. Só de ouvir o nome dos pratos somos imediatamente transportados às ruas históricas de Minas Gerais.

Mais do que conhecer as belas construções do século XIII, viajar pelas cidades mineiras é resgatar as memórias do Ciclo do Ouro, das viagens dos tropeiros e das primeiras expedições com intuito de desbravar o território brasileiro.

Ouro Preto, Diamantina, Mariana, São João Del Rei, Paracatu e Tiradentes estão entre os destinos históricos mais procurados pelos turistas brasileiros e estrangeiros. Parte imprescindível da cultura local, os pratos típicos de Minas Gerais são um convite para provar um pouco da história e costumes do estado.

1. Pão de queijo

Pão de queijo

Certamente é uma das marcas registradas de Minas Gerais. O quitute é encontrado desde as lanchonetes mais simples, até nas entradas dos restaurantes mais requintados. E os mineiros defendem a receita com unhas e dentes! Segundo eles não há pão de queijo igual ao de Minas e prová-lo diretamente em sua raiz é uma experiência única. E eles têm razão, não há como recusar um pão de queijo quentinho com café passado na hora. Para quem não conhece, trata-se de um bolinho assado, com base de polvilho e ovos, incrementado por queijo.

2. Frango com quiabo

Frango com Quiabo

Mas, atenção! Não pode ser qualquer frango. Para garantir o sabor único do prato original é necessário prepará-lo com frango caipira, um dos ingredientes clássicos do estado. A comida, que faz sucesso em várias partes de Minas Gerais, resume-se em um ensopado da ave junto com o quiabo. Este último, rejeitado por muita gente por conta da textura, tem origem na África, e foi trazido ao Brasil pelos africanos escravizados.

3. Frango ao molho pardo

Frango ao Molho Pardo

Seguindo na linha do frango caipira, outro prato muito apreciado em Minas é o frango ao molho pardo. Apesar de fazer parte da culinária tradicional, muita gente torce o nariz para ele. Isso porque o molho da receita é feito com o sangue da própria ave. As galinhas são abatidas com um corte no pescoço e o sangue é coletado em uma vasilha, onde mistura-se vinagre para que ele não coagule. Assim é feito o molho pardo, onde o frango será cozido.

4. Tutu à mineira

Tutu a Mineira

É um dos pratos mais presentes nos almoços de domingo dos mineiros. Nele, o feijão preto ou roxo cozido e temperado é batido no liquidificador ou à mão. Depois ele volta para a panela, onde será misturada a farinha de mandioca ou de milho, até atingir uma consistência pastosa. Tradicionalmente é servido em travessas ou panelas de barro, onde é decorado com cheiro verde, torresmo e ovos cozidos.

5. Feijão tropeiro

Feijão Tropeiro

Apesar de estar presente em vários estados brasileiros, os mineiros guardam uma relação extremamente afetiva com o feijão tropeiro. Trata-se de uma herança do período colonial, quando os tropeiros faziam longas viagens e ao feijão cozido, acrescentavam carnes, ovos e farinha de mandioca. No Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, os torcedores não gostam de inovações e preferem apreciar a iguaria na forma tradicional. Tanto que há mais de 30 anos os mesmos cozinheiros dedicam-se à preparação do alimento vendido no Gigante da Pampulha.

6. Leitão à pururuca

Leitão a Pururuca

Impossível ir em Minas Gerais e não provar esse prato que é a cara do estado. O leitão à pururuca está entre os mais pedidos nos restaurantes. Seu modo de preparo lhe confere uma textura única, difícil de ser encontrada em outros lugares. O leitão é temperado e assado com pele e tudo. Depois a superfície e resfriada com gelo e em sequência joga-se óleo extremamente quente. O procedimento é repetido até que a pele fique cheia de bolhas e muito crocante.

7. Angu

Angu

O angu, prato muito simples, serve como acompanhamento de diversos pratos, principalmente os que levam frango. De origem africana, leva poucos ingredientes e pode ser feito tanto com o milho verde batido e coado, quanto com o fubá de milho cozido com água e temperos.

8. Couve à mineira

Couve a Mineira

Além de base para muitos pratos, a couve também é um acompanhamento muito tradicional. No preparo regional as folhas são cortadas bem fininhas e refogadas em banha de porco, alho e cebola. Nas versões mais modernas, são acrescentados cubinhos de bacon.

9. Bambá de couve

Bambá de Couve

Tradicional da região de Ouro Preto, o bambá de couve é feito à base de fubá de milho. Sua origem está ligada aos tempos da escravidão. Acredita-se que os escravos aproveitavam o resto do mingau de fubá da casa grande, e para dar mais saciedade, o incrementavam com couve rasgada, pé e orelha de porco. Ainda hoje, o formato da couve é um dos itens que caracterizam um legítimo bambá. A diferença é que, ao longo do tempo, as carnes foram substituídas por linguiça.

10. Vaca atolada

Vaca Atolada

Outro prato preparado com cortes mais simples de carne é a vaca atolada. Costela e gordura bovinas eram cozidas durante algumas horas e depois acrescentava-se mandioca. Também de origem colonial, é mais uma iguaria que usava ingredientes pouco, ou nada, aproveitados pelos mais ricos. Até hoje a receita é muito apreciada, contudo, ao longo do tempo, cortes melhores passaram a ser usados.

11. Ora-pro-nobis

Ora-pro-nobis

Muito característica das comidas típicas de Minas Gerais, a ora-pro-nobis é uma hortaliça usada em refogados, saladas, sopas, tortas e omeletes. Entretanto, seu preparo mais tradicional é em forma cozido, junto com o frango caipira. Na cidade de Sabará, inclusive, acontece um evento anual que recebe o nome de Festival de Oro-pro-nobis e apresenta diversos pratos com a verdura. A título de curiosidade, o nome da planta vem do latim, e quer dizer “orais por nós”.

12. Doces de Minas Gerais

Doces de Minas

Depois de tantas delícias salgadas é necessário arrematar a refeição com uma boa sobremesa. Em Minas Gerais, não faltam opções. Há doces que agradam todos os paladares. Feitos com leite ou frutas, eles estão presentes em todas as regiões, encantando moradores e turistas.

13. Doce de leite

Doce de Leite

Puro, com frutas ou queijo, cremoso, em pedaços ou em forma de canudinho, como recheio de bolos e churros, e ainda, como base de sorvetes e pudins. Não importa a forma como o doce de leite será consumido, o importante mesmo, é que o melhor do mundo é do de Minas Gerais. Prova disso é o premiado doce de leite de Viçosa. Até hoje, em muitas cidades mineiras, ele é preparado de forma tradicional: leite e açúcar fervendo nos tachos de cobre.

14. Doce de abóbora

Doce de Abóbora

Preparado em muitas versões, sempre com ingredientes frescos, o título de “criador do doce de abóbora” é disputado por três estados, além de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. De qualquer forma, ele é encontrado praticamente em todas as cidades mineiras. Em compota, cristalizado, em pedaços, bolinhas, puro, com coco ou cravos são as preparações mais comuns.

15. Ambrosia

Ambrosia

De preparo muito simples, o doce leva apenas leite, ovos, açúcar, casca de limão, cravo e canela. Todos eles são levados ao fogo para cozinhar e depois de frios são levados à geladeira. Está pronto um dos doces tradicionais da culinária mineira.

16. Goiabada cascão

Goiabada Cascão

Por último, mas não menos importante, está a goiabada cascão. O doce é típico das cidades de Ponte Nova e São Bartolomeu. Em ambos, é fácil encontrar doceiros tradicionais que preparam o doce de goiaba nos famosos tachos de cobre.


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