Quando chega o verão e vocês decide ir ao litoral, encontra centenas de pessoas falando espanhol. São elas provenientes da Argentina, Uruguai e Paraguai, principalmente. E você pode até achar que isso significa que o país tem uma grande procura turística, mas isso não é verdade.

De acordo com o relatório do World Travel & Tourism Council (WTTC) de 2016, o turismo cresce a cinco anos consecutivos mais do que a economia global, principalmente nos países em desenvolvimento, o que não compreende o Brasil: temos o número praticamente fixo de 5 milhões de turistas internacionais anualmente desde 1998.

Nosso país perde até para cidades como Miami (que recebe a média de 6 milhões de turistas por ano) e de monumentos como o Coliseu (com cerca de 5,5 milhões visitas anuais).

Os Estados Unidos ainda recebem o maior número de turistas do mundo: cerca de 75 milhões por ano.

Esta semana publicamos um artigo que dizia que o Ministério do Turismo encomendou uma pesquisa que demonstrou que 44% dos brasileiros nunca fizeram turismo doméstico (ou seja, dentro do próprio Brasil). Quase 80% dos entrevistados afirmou fazer suas viagens por via terrestre, seja de carro ou de avião.

O projeto ‘The Americas and the World: Public Opinion and Foreign Policy’ coordenado pelo Centro de Investigação e Docência em Economia do México, em parceria com o Instituto de Relações Internacionais da USP realizado em 2015 demonstrou que91% dos entrevistados renega sua auto-identificação como ‘brasileiro’. Essa é uma das razões pelas quais as pessoas que passam por um súbito aumento no poder aquisitivo preferem conhecer culturas de outros países (mesmo quando não entendem o idioma) do que de seu próprio país.

Além disso as péssimas condições das estradas também contribuem para a diminuição da procura por viagens domésticas. Mesmo quando são concessões, as estradas deixam a desejar.

Um exemplo disso é Autopista Litoral-Sul, que liga partes do Paraná a Santa Catarina. Nesta semana, por exemplo, está havendo uma obra quase na divisa dos estados que está deixando veículos parados por quase duas horas em um trecho de cerca de quatro quilômetros; Sem aviso prévio, sem sinalização e com nenhuma presença de qualquer força policial rodoviária.

Já na parte que liga Itapema a Florianópolis, não é incomum a reclamação de que não há suporte técnico (para o caso, por exemplo, de pneus furados) ou mesmo hospitalar... o que é contratualmente uma obrigação de cada concessionária.

Aos poucos o interesse do brasileiro por conhecer o Brasil parece estar aumentando 76,8% neste ano, segundo levantamento do Ministério do Turismo e da Fundação Getulio Vargas. Soma-se a isso programas federais que visam tornar tais viagens mais acessíveis e até ofertas de bancos que subsidiam passeios terrestres em território brasileiro parcelando em 10 vezes, a expectativa é de que o número de pessoas que busque conhecer o próprio país continue a crescer.

Contudo é necessário garantir a infraestrutura e até a segurança de nossos turistas. Até porque, o Brasil é indubitavelmente um país belíssimo que merece ser conhecido e admirado.