Vlarejo na Toscana está voltando no tempo com a ausência de turistas
Foto: DivulgaçãoTuesday, 02 March 2021
Como os moradores estão encarando a falta de visitantes na cidadezinha italiana de Castellina in Chianti.
Há décadas, as colinas de Chianti, na Toscana, são destino de férias de turistas do mundo inteiro. Quase o ano todo, os visitantes se espalham pelas estradinhas sinuosas da região em seus carros alugados, admirando a paisagem cuidadosamente esculpida pelos fazendeiros, onde os vinhedos se fundem com os olivais e as florestas de carvalho dão espaço para as vias ladeadas por ciprestes.
Este é meu lar.
Eu me lembro de sair caminhando pelas ruas, ainda menina, durante o verão, e de me ver cercada de visitantes do norte da Europa. Meu primeiro emprego foi no centro turístico local, onde ajudava os viajantes com os mais variados sotaques à procura de mapas de papel da área. Naquele tempo, os hotéis enchiam rapidinho.
Mais de 114 mil turistas passaram pelo meu vilarejo em 2019, e os números foram ainda mais altos nos anos anteriores.
Mas a pandemia – que sacudiu o planeta e causou pelo menos 75.600 mortes só na Itália – freou o turismo no país e consequentemente no meu vilarejo, Castellina in Chianti, cuja população é de 2.800 habitantes. Os estrangeiros, que normalmente bebericavam expressos no terraço do café local e compravam frutas e legumes na feira, sumiram. E, sem eles, a cidadezinha parece ter voltado no tempo.
Décadas atrás, os moradores que precisassem de consulta, receitas ou guias médicas e mesmo passar por procedimentos rotineiros, como exames de sangue, geralmente iam à farmácia, localizada nas ruínas do portal medieval, de frente para a igreja, na rua principal. Com o tempo, porém, as políticas nacionais passaram a exigir que o centro médico local expandisse seus serviços, e foi para lá que as pessoas passaram a ir.
Só que as autoridades fecharam o local em março por causa do coronavírus, e a população voltou a depender da farmácia para as necessidades mais básicas e os exames de rotina.
– O pessoal voltou a nos procurar como acontecia décadas atrás – confirma Alessio Berti, de 68 anos, dono do estabelecimento há mais de 46.