Como é viajar de carro pela Provença?

Como é viajar de carro pela Provença?
Foto: Divulgação

Monday, 26 July 2021

Quando visitar a Luberon, Avignon, Aix-en-Provence e Marselha.

A maioria dos destaques da Provença está no interior. Porém, há também algumas cidades na praia. Com cinco dias dá para ver o básico. Mas o ideal mesmo é já aproveitar a viagem e ver tudo. Eu recomendo dez dias.

É importante fazer duas ou três bases para conhecer direitinho a região, porque alguns lugares ficam distantes dos outros. Eu escolhi três: Luberon (o parque), Aix-en-Provence e Saint-Tropez.

É essencial alugar um carro para explorar a Provença. Há trens, por exemplo, em Avignon e Aix-en-Provence. Porém, no Luberon, por exemplo, sem carro a visita fica praticamente impossível. E esta é a parte mais legal da região.
A melhor época para ir à Provença é a segunda quinzena do mês de junho. Para quem quer ver os campos de lavanda, não há outra ocasião. E também não é tão quente nem lotado quanto em julho.

Mas, mesmo sem lavandas, a região também segue com suas principais atrações até o fim do verão europeu, em setembro.

Luberon

Eu fiz minha primeira base em uma cidadezinha chamada L'isle-sur-la-sorgue, conhecida pelas feirinhas provençais e ao lado do parque Luberon.

Antes de ir ao Luberon, recomendo que você assista o filme "Um Bom Ano". Ele mostra a essência do local, com sua vida pacata, lenta, regada a bons vinhos, culinária e paisagens deslumbrantes.

No Luberon, as estradas são estreitas, mas com ótima pavimentação. A paisagem é sempre marcada por campos de lavandas, videiras ou árvores altas. É recomendável redobrar o cuidado, pois há muitos ciclistas pelo caminho. Aliás, eles estão por quase toda a região de Provença, conhecida também pela prática do ciclismo - o tour de France passa por lá.

A cidade essencial é Gordes , um vilarejo provençal no alto de uma montanha. O local é dominado pela arquitetura típica da região, com inspiração medieval, além de hotéis e restaurantes charmosos. No primeiro caso, o mais badalado é o La Renassaince, ao lado da famosa fonte do vilarejo.
A abadia e o castelo de Gordes são visitas obrigatórias. No caminho entre esse vilarejo e Bonnieux, você verá alguns campos de lavanda. Visite a vinícola Chateau La Canorgue, cenário de "Um Bom Ano". Faça degustação e escolha o vinho topo de linha, que custa 20 euros e é excelente.

Porém, lembre-se. Em uma viagem de carro por regiões de vinícolas, é preciso ter sempre o motorista da rodada, aquela pessoa do grupo que se privará do consumo de álcool para dirigir. Na França, há leis severas para quem guia um carro sob efeito de bebidas alcoólicas.

Termine o dia em Lourmarin, para ver o por do sol no belíssimo Chateau de Lourmarin, visitar galerias de arte, comprar sabonetes da Provença e jantar. Eu fui ao restaurante do simpático hotel Le Moulin, um dos melhores em que já estive na vida.

Avignon: quando Roma foi à França

No segundo dia, acordei e, de bike (programa que vale muito a pena na Provença), fui até a cidade de Fontaine-de-Vaucluse. Além do caminho cheio de áreas verdes e construções medievais, o destino é um espetáculo.

Por lá, está a nascente subterrânea do rio de águas cristalinas Sorgue, de um tom esverdeado impressionante. O trajeto de bike foi de 15 km na ida e mais 15 km na volta. Aluguei a bicicleta no hotel, por 16 euros a diária.

Em seguida, fui visitar a famosa cidade de Avignon, que tem como principal atração o suntuoso Palácio dos Papas, da época em que a sede do papado foi transferida de Roma para a França. Ele fica na cidade murada, onde há uma outra visita imperdível, a Ponte de Avignon. A partir dela, dá para ver toda a parte histórica da cidade.

Vida noturna

Depois, fui a Les Baux-de-Provence, a 40 km de Avignon. O caminho é espetacular, com a estrada rodeada por maciços de pedras. O vilarejo, aliás, fica sobre um deles.

Antes de chegar, dá para vê-lo a partir de um observatório, e a paisagem é inesquecível. Em Les Baux, além da arquitetura medieval, há diversas lojinhas de queijos e trufas.
A parada seguinte foi Saint-Remy, a apenas 10 km. Cidade murada, plana, cheia de fontes, foi inspiração para alguns quadros de Van Gogh.

O ponto forte de Saint-Remy é a noite, a mais animada desta região de Provença. Em frente bares e restaurantes (excelentes para experimentar a culinária provençal), na hora do por do sol (entre 20h e 21h no verão), há bandas de estilos variados, que vão do pop ao tradicional flamenco espanhol.
As ruas viram uma festa, com pessoas dançando. É um clima muito legal.

A manhã seguinte foi dedicada às cidades de herança romana de Arles e Nimes. Na primeira há um anfiteatro que lembra o Coliseu. Na outra, pontes romanas e uma cópia do Pathernon. Depois, visitei a famosa vinícola Chateauneuf du Pape. À tarde, mudei de base.

Aix-en-Provence e Marselha

Minha segunda base foi Aix-en-Provence, a mais escolhida por quem vai à Provença. Trata-se de uma cidade média, universitária, com excelente rede hoteleira.

Seu centro histórico é um charme, cheio de lojas, restaurantes e animados bares. Nele, está a Cours Mirabeau, que carrega o apelido de "avenida mais bonita do mundo".

Aix fica a 38 km de Marselha, a maior cidade da Provença. A chegada à região de avião é por lá. Porém, dá também para desembarcar em Nice, se o plano for combinar essa viagem com a Riviera Francesa.

Marselha não é a base ideal, pois não tem o espírito das cidadezinhas provençais. Porém, vale a visita. Há diversos pontos históricos incríveis, como a antiga prisão Chateau D'if (para chegar, é preciso pegar um barco no porto).

Outro ponto turístico interessante é a bela basílica Notre-Dame de la Garde. Porém, o melhor programa é o passeio às Calanques de Cassis.

Ele também exige que se saia de barco do porto de Marselha. Optei por um programa em um barco que só leva seis pessoas (com a empresa Turquoise Calanques, que faz reservas por internet e cobra 60 euros). Porém, a partir de 20 euros, há passeios em barcos maiores (e cheios), saindo tanto de Marselha quanto de Cassis, cidade ao lado.

Dá ainda para fazer uma trilha, para observar as calanques (que são cânions) de cima. A água esverdeada e cristalina entre montanhas forma um cenário deslumbrante, bom para a prática de snorkel.

Lavandas e mais cânion

Em toda a região de Provence, em junho e julho, dá para ver campos de lavanda. Os mais belos, no entanto, estão em Valensole, 100 km ao norte de Marselha e a 70 km de Aix.

E há ainda mais um cânion que vale a visita na região. Trata-se do Gorges du Verdon, ou Garganta do Verdon, o cânion mais profundo da Europa. A cor verde da água é impressionante.
Saint-Tropez
A badalada cidade pode ser combinada tanto com a região de Provença quanto com a Riviera Francesa. Trata-se também de um bom ponto transição para quem quer fazer as duas em uma viagem só, algo que exige entre 15 e 20 dias (apenas de carro, sem necessidade de outro tipo de transporte).

Saint-Tropez foi minha terceira base. A cidade litorânea é conhecida pela vida noturna, pelo porto repleto de imensos iates e pelos clubes de praia. É uma das sensações do verão europeu, e tem também um belo centro histórico. Por lá, passei três noites.

Na estrada

Os preços na Provença, especialmente os de restaurantes, são bem mais baixos que os praticados em outras regiões da França, especialmente a Riviera Francesa.

A maior parte dos deslocamentos na Provença é feito por estradas secundárias, boas de dirigir, com muitas curvas e velocidades máximas de 100 km/h. Já as rodovias têm máxima entre 120 km/h e 130 km/h, dependendo da região.

A maioria dos pedágios tem apenas cobrança automática, e alguns guichês só aceitam cartões (os com chip muitas vezes não são aceitos). Quase sempre há um único guichê destinado a dinheiro (moedas ou notas).

Para identificá-los, fique de olho no desenho de notas e moedas no alto do guichê. É preciso ficar atento a eles para não passar perrengue, pois são raras as praças de pedágio com atendimento presencial. Quase sempre há um interfone para emergências, mas você terá sorte se conseguir falar com um atendente que se comunique em outro idioma que não seja o francês.

Por isso, na hora de alugar o carro, consulte a locadora sobre serviços pré-pagos de pedágio eletrônico. Quase todas oferecem.

Como as estradas são todas muito bem pavimentadas, e repletas de curvas, o ideal é alugar um carro que ofereça prazer ao dirigir, se você for um entusiasta. Dependendo do tamanho do grupo e do tempo de viagem, um sedã com bom porta-malas pode ser uma boa opção.

Não há ressalvas contra os esportivos. As vias da região parecem ter sido feitas exclusivamente para eles. E quanto aos SUVs? Nada contra. Minha experiência foi com um BMW X2. Mas esse utilitário-esportivo tem uma pegada bem mais próxima de um hatch médio.

Não alugue, jamais, um carro muito grande. Em toda a região há estacionamentos, mas a maioria em locais com vagas pequenas, apertadas. Um modelo de grandes proporções pode transformar sua road trip em um verdadeiro contratempo.


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Redação

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