Após na pandemia, férias impulsionam crescimento do turismo

Após na pandemia, férias impulsionam crescimento do turismo
Foto: Divulgação

Monday, 27 June 2022

Após dois anos de crise causada pela pandemia de covid-19, setor comemora. Mesmo com o alto preço das passagens, brasileiros vão aproveitar as férias.

Com a chegada do inverno e do mês de julho, muitas famílias decidem viajar para visitar os parentes distantes ou apenas aproveitar o passeio em pontos turísticos. As férias escolares prometem ser mais movimentadas que nos anos anteriores, devido ao avanço da vacinação contra a covid-19 em todo o Brasil. No entanto, alguns fatores podem atrapalhar o crescimento do turismo no país, como o preço alto dos combustíveis e das passagens aéreas.

O casal Bruna Uaqui, de 25 anos, Daniel Santos, vão passar a lua de mel na cidade de Caldas Novas, em Goiás — destino turístico do Centro-Oeste, para quem gosta de aproveitar as altas temperaturas das águas que correm pela região.

Daniel pediu Bruna em casamento na noite de Natal do ano passado e o casamento ocorreu neste sábado (25), na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na 702 Norte. A noiva conta que planejava passar os primeiros dias de casamento em um destino mais frio, comum nesta época de inverno no país. No entanto, os preços salgados foram um impeditivo para o casal.

"Primeiro pensamos em alugar um chalezinho no Airbnb em algum lugar frio, como Gramado. Mas não encontramos um lugar bonito e confortável. Também não achamos que o local estava valendo o custo", revela Bruna.

A opção, então, passou a ser um lugar mais próximo a Brasília. "Decidimos passar a lua de mel no resort de Rio Quente, pois, além de sair mais em conta, eu gosto muito de piscina e não sou muito fã de mar e cachoeiras", conta.

As férias de julho também são uma oportunidade para rever os familiares. A arquiteta Anna Angélica Bento, 31, vai aproveitar o período para visitar os avós e parentes que vivem em Imperatriz, no Maranhão. A viagem servirá para reencontrar os familiares após os dois anos mais críticos de pandemia, e para aproveitar as atrações turísticas da região.

"Pretendo ir ao Poço Azul (destino famoso pelas cachoeiras de água cristalina) e ao complexo da Pedra Caída, na cidade de Carolina (MA), que fica a 220 km, umas 3h30 de carro, de onde vou estar", diz.

Anna também aproveitou para utilizar as milhas que ganhou do pai para viajar de avião. Ela diz que, se não fosse isso, provavelmente não conseguiria utilizar o transporte aéreo, devido ao alto custo das passagens. "A princípio não iria (de avião), porque as passagens estavam muito caras. Os preços subiram muito. Mas meu pai conseguiu me dar as milhas que ele tem e pude comprar as passagens de ida e volta", esclarece.

Alta demanda

Mesmo com o aumento dos preços dos bilhetes aéreos, o turismo volta a crescer no Brasil e recupera os mesmos patamares do início de 2020, quando a pandemia de covid-19 começou. O custo médio das passagens acumula alta de 123,26% em 12 meses, de acordo com a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o mês de junho.

Outro dado, no entanto, revela que o turismo nacional cresceu 47,7% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. O faturamento total no período foi de R$ 15,3 bilhões. A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), Magda Nassar, explica que, como há uma alta demanda por viagens, após um longo período de pandemia, o setor cresce, mesmo com todas as dificuldades.

"O desejo do brasileiro de viajar faz com que ele procure alternativas aos empecilhos que fazem parte da economia do país, e não só do setor de viagens. Nos últimos anos, viemos de uma pandemia que estava impossibilitando muitas pessoas de viajarem. Julho é um período de férias e os brasileiros estão com um desejo muito grande de viajar. Vemos voos, tanto internacionais, quanto nacionais lotados e as procuras estão bem alta", analisa a presidente.

O crescimento também deve permanecer no segundo semestre, destaca Magda, já que o período é, historicamente, mais intenso para as agências de viagem que a primeira metade do ano.

De acordo com a plataforma de reserva de hospedagens Booking.com, para as férias de julho, os brasileiros optam por destinos mais frios, com o objetivo de aproveitar as temperaturas baixas do inverno. A plataforma apurou que Campos do Jordão (SP), na Serra da Mantiqueira, é o destino mais procurado nas pesquisas. O lugar é conhecido por ser a cidade mais alta do Brasil, localizada a 1.620 metros acima do nível do mar.

Em segundo lugar, aparece Gramado (RS), na Serra Gaúcha, que, assim como a cidade paulista, é considerada um dos roteiros preferidos dos casais. No Centro-Oeste, a melhor colocada no ranking, que aparece na sétima colocação nacional, é Caldas Novas (GO) — destino escolhido por Bruna e Daniel para a lua de mel —, localizada no sudoeste goiano.

Mais lazer

O Vice-Presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo e especialista no turismo e setor aéreo, Gilson Garófalo, ressalta que, pelo fato de novas tecnologias terem ganhado força na pandemia, como a reunião on-line, as viagens a trabalho serão cada vez menos frequentes.

"Desnecessário dizer que as viagens a negócios não voltarão ao nível pré-pandemia, dando lugar a outras modalidades, tais como as que reúnem negócios e lazer, ou seja, além de viajar para realizar um trabalho, o profissional pode aproveitar as atividades de lazer e entretenimento do destino", comenta.

Em contrapartida, as viagens turísticas devem continuar impulsionando todo o setor. O especialista explica que na pandemia, e, mais especificamente durante o período de isolamento social, muitos brasileiros reavivaram o desejo de encontrar novos lugares e conhecer outras realidades.

"Nestas viagens por lazer, domesticamente, se efetuadas em veículo próprio, o preço do combustível pode levar à escolha de locais mais próximos. Quanto à questão das viagens aéreas, seja dentro do país, como para o exterior, certamente muitos aproveitarão as passagens que tiveram que ser remarcadas durante a pandemia ou, então, uma poupança foi realizada para justamente realizar o sonho de 'descansar e arejar'", avalia Garófalo.


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